De Chalon-sur-Saone para Beaune



O trajeto desse dia teve duas partes: na primeira, seguimos o Canal du Centre e na segunda parte, seguimos uma rota dos vinhos da Bourgogne.

Saímos do camping com as bike já carregadas e passeamos pelo centro histórico de Chalon-sur-Saone. Depois, seguimos até o início da Voie Verte que acompanha o Canal du Centre. Esta região, a Bourgogne, tem vários canais com vias verdes para o cicloturismo. O Canal du Centre, além de uma pedalada tranquila em terreno plano, garante belas paisagens. Paramos para almoçar na cidade de Chagny, depois seguimos para a cidade de Santenay, onde deixamos o Canal para seguir a rota dos grandes vinhos da Bourgogne. Essa rota é um pouco mais difícil que o Canal pois passa por uma região de colinas. As uvas dos vinhedos famosos se espalham por essas colinas. O dia estava muito quente, o que dificultava um pouco o trajeto de subidas e descidas.

Em Santenay, uma pequena parada para conhecer o Chateau de Santenay, que tem as telhas coloridas, uma marca da arquitetura medieval da Bourgogne. Passamos por várias cidadezinhas e vários Domaine de vinhos, e muitas e muitas caves de degustação. Muitos cicloturistas também fazendo essa rota. Chegamos cedo à Beaune, trajeto de 56 km, e depois de nos instalarmos no camping, visitamos o centro histórico. Beaune é uma cidade cercada de muralhas, bem pequena, e que tem como grande atração o Hôtel-Dieu. 

Como a visitação ao Hôtel-Dieu já estava encerrada, decidimos passar o dia seguinte em Beaune, para visitar o prédio com bastante tempo e calma. Ele merece. O Hôtel-Dieu de Beaune é um dos mais belos e bem conservados edifícios medievais. Ele foi construído de 1443 a 1452, por ordem de Nicolas Rolin e sua esposa Guigone de Salins, com o objetivo de ser um hospital para os pobres. Nicolas gastou grande parte de sua fortuna nessa obra, mas também obteve doações dos duques da Bourgogne e de outros mecenas. O prédio atendia os pobres, sem precisar que pagassem, e havia também um espaço para atendimento aos ricos, que pagavam. O Hôtel-Dieu é uma obra prima. Os desenhos do projeto, da época, mostram já a riqueza de detalhes. A grande sala de atendimento aos pacientes pobres é magnífica, com um belíssimo teto em madeira, sustentado por vigas enormes de madeira trabalhada e pintada. Na sala de atendimento, há uma capela que se abria aos domingos para que os pacientes graves pudessem assistir a missa dos seus leitos. Só visitando e lendo para entender a grandiosidade e beleza do prédio. Nas paredes da capela, Nicolas mandou gravar sua inicial entrelaçada com a de Guigone e a inscrição "Seule" e uma estrela desenhada, significando que Guigone foi sua única amada, sua única estrela.

Para completar, o Hôtel-Dieu de Beaune possui um belíssimo políptico de Roger Van der Weyden retratando o juízo final, uma obra inesquecível.