sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
Quinta-feira: 50 km
Ruy Castro - Os donos das cidades
Ruy Castro
Os donos das cidades
RIO DE JANEIRO - Nesta terça-feira, na Linha Amarela, importante via expressa do Rio, a caçamba levantada de um caminhão chocou-se contra uma passarela, que caiu, esmagou dois carros e deixou cinco mortos. O caminhão estava rodando fora do horário permitido e em excesso de velocidade. A passarela, de 120 toneladas, ficava a 4,5 metros de altura e tinha 42 metros de extensão. Imagine o tamanho e o peso desse caminhão para derrubar tal estrutura.
Pode-se discutir se as passarelas deveriam ser mais altas ou construídas com material mais sólido, ou se não há sistemas de alarme para prevenir choques, e certamente os engenheiros já pensaram em tudo isso e buscam soluções. Mas nada altera o fato de que as cidades fo- ram invadidas por brontossauros de 4 --às vezes, 8 ou 12-- rodas, incompatíveis com o bom senso.
Ruas abertas nos anos 40 pela escala de carros de passeio são hoje trafegadas por ônibus gigantescos, muito maiores e mais altos do que os de há poucos anos. Sem contar os que se multiplicam por dois ou três e, integrados por aquelas sanfonas, tentam fazer curvas e dobrar esquinas que não os comportam. Essas mesmas ruas recebem caminhões-tanque, carretas e outros pesos-pesados que circulam até pelo centro histórico de cidades delicadas, como Petrópolis, Ouro Preto e tantas mais.
Calçadas recém-refeitas, depois de alguma obra que as esburacou, são tomadas pelas onipresentes caçambas de entulho e destruídas de novo. E os próprios carros particulares deixaram de ser os leves e convencionais, cada qual ocupando um espaço razoável, para ser substituídos por jamantas mais apropriadas, no tamanho e na altura, às estradas ou à zona rural.
Que os humanos sejam coadjuvantes dos carros em suas próprias cidades parece inevitável. Mas será obrigatório se deixarem esmagar por eles?
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Pedal de terça-feira
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
dança, geografia, desenho, tapeçaria e piano
(quando a mãe de Charles Bovary percebe que o filho está visitando demasiadamente a jovem Emma Rouault, uma mocinha bem-educada, ela a detesta imediatamente, por instinto).
Dans les premiers temps que Charles fréquentait les Bertaux, madame Bovary jeune ne manquait pas de s'informer du malade, et même sur le livre qu'elle tenait en partie double, elle avait choisi pour M Rouault une belle page blanche. Mais quand elle sut qu'il avait une fille, elle alla aux informations; et elle aprit que mademoiselle Rouault, élevée au couvent, chez les Ursulines, avait reçu, comme on dit, une belle éducation, qu'elle savait, en conséquence, la danse, la géographie, le dessin, faire de la tapisserie e toucher du piano. Ce fut le comble!
- C'est donc pour cela, se disait-elle, qu'il a la figure si épanouie quand il va la voir, et qu'il met son gilet neuf, au risque de l'âbimer à la pluie? Ah! cette femme! cette femme!...
Et elle la détesta, d'instinct. (...)
(Gustave Flaubert - Madame Bovary)
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
NKM: pedestrianizar o centro
A candidata da direita à Prefeitura de Paris, Nathalie Kosciusko-Morizet, mais conhecida pelas suas iniciais, NKM, anunciou sua intenção, se eleita, de pedestrianizar o centro da cidade. NKM disse que a prefeitura deve organizar um engarrafamento gigante com o objetivo declarado de desgostar os automobilistas.
NKM afirmou que "é normal querer limitar o espaço dos automóveis na cidade e que, de uma ou de outra maneira, todas as metrópoles mundiais estão fazendo isso". NKM - cuja logomarca de campanha se constitui nas letras NKM em azul e a palavra PARIS em vermelho, com o M em forma de coração, abarcando o nome da cidade - afirmou que deseja "uma política de tráfego diferenciada por bairro. O automóvel individual não tem lugar em certos bairros. Entrar com um carro em certas áreas da cidade é uma loucura".
NKM, que foi ministra da ecologia, disse querer experimentar uma pedestrianização nos quatro distritos (arrondissements) do centro - os 1º, 2º, 3º e 4º - assim como nas colinas de Paris, Montmarte, Saint-Geneviève, Belleville.
Para esses locais, ela pretende submeter duas propostas a um referendo, se eleita. A primeira proposta consistirá em permitir o acesso apenas aos carros dos residentes e aos veículos de entregas, como é feito em Roma, com um serviço de microônibus e estacionamentos nos limites dos bairros. A segunda proposta será tornar os distritos permitidos apenas para veículos elétricos - excetuando-se os grandes eixos viários como boulevard Sébastopol, a rue de Rivoli, a rue Réaumur, e a rue Saint-Jacques.