segunda-feira, 29 de julho de 2019

Ciclista entregador de comida


De leitura, anda lento. O livro de contos fantásticos do século xix, selecionados por Calvino, revela-se tedioso. Há poucos contos realmente interessantes. O fantástico é, muita vez, inexplicável, e os contos resultam insatisfatórios, aquele gosto de inconclusos. É bom ter fama para ganhar dinheiro fazendo uma antologia qualquer, Calvino deve ter apreciado, não deve ter sido muita grana mas o esforço também não deve ter sido grande.

Nos dias comuns da cidade pobre... todas as cidades brasileiras são paupérrimas, é evidente em qualquer olhada que se lance sobre elas, veja-se uma foto qualquer de cidade brasileira e já se reconehcerá uma cidade brasileira: lixo, postes, muros de tijolos sem revestimento, fios, fios, fios, calçadas quebradas e inexistentes. A riqueza no Brasil é obrigada a andar de helicóptero para não ver a merda em que estamos metidos.

Nos dias comuns da cidade pobre, legião de entregadores de comida para cima e baixo, norte, sul e os outros pontos. Daria até pena, mas Leo evita ter pena de qualquer, qualquer qualquer, coisa, gente, gato, guarda sua pena para si mesmo. Noite, passa um ciclista entregador de comida, passa empurrando a bicicleta, o pneu traseiro furado, a bicicleta era um siri, um loré, estas palavras, ambas, usadas para descrever uma bicicleta detonada, no fim da vida, não adianta procurar nos dicionários, eles ignoram o idioma do nordeste. Aí o cara é um entregador de comida, ganha uma miséria de uns trocados, carrega aquele mondrongo nas costas, usa uma bicicleta fodida, e o pneu ainda acha de furar. Dá vontade de sentar na beira da calçada e chorar, como diz que fez um amigo , em um dia particularmente difícil. O ciclista foi para casa, parece, entrou por uns becos, deu por encerrado o dia de trabalho mal pago.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Recife - Arcoverde: 270 km com Dahon


Cicloviagem de três dias com Dahon.


Viagem de bicicleta que nosso grupo de ciclistas faz todo ano para comemorar o aniversário do amigo Rodolpho, ciclista cuja família mora na cidade de Arcoverde, no interior do Estado de Pernambuco. Neste ano de 2019, fiz a viagem com a minha bicicleta dobrável. Como já escrevi aqui, esta dobrável Dahon Launch P8 consegue acompanhar as rodas grandes em quase todas as situações. No caso desta viagem, em todos os momentos, rodovias, estradas de terra, subidas e descidas, a Dahon acompanhou as bicicletas de pneus 26, 27,5 e 29 sem dificuldades. Nas longas subidas, tivemos inclinações de até 11%; todas as subidas foram feitas pedalando. Nas estradas de terra, a Dahon com pneu 1.75, sem cravos, teve ótimo desempenho em subidas, descidas, em terra dura e pedra e nos planos com terra mais solta. Enfim, como muitos fãs de dobráveis já constataram e afirmaram, as dobráveis são bicicletas adequadas a cicloviagens em qualquer tipo de terreno. A Dahon voltou imunda de terra, poeira e chuva, mas sem nenhum tipo de barulhinho ou folga. Segue resumo dos dias de viagem.


Primeiro dia, Recife - Bezerros, 105 km: sábado, 13 julho 2019. Partimos de Recife às cinco e trinta da manhã, com chuvisco. Seguimos pela rodovia BR-232, que é duplicada e tem bom acostamento. A chuva ficou forte e amainou diversas vezes. Houve um pneu traseiro furado na bicicleta de Eliane e demoramos a conseguir trocar a câmara. Mais adiante, um pneu dianteiro furado na Dahon, e essa troca de câmara foi rápida. Na cidade de Pombos, uma parada de reabastecimento e lanche no posto Arco-íris. Depois de Pombos, a longa subida da famosa Serra das Russas: são oito km de subida na qual se parte de 220 m para 520 m de altitude. Em cima, no planalto, paramos antes da cidade de Gravatá para almoçar em uma churrascaria rodízio. Depois do almoço, compl etamos o percurso até a cidade de Bezerros, e nos hospedamos no Hotel Brisa da Serra. Renilso chegou ao hotel com um pneu traseiro furado. A velocidade média foi de 16 km/h e a máxima de 35 km/h.


Segundo dia, Bezerros - Pesqueira, 113 km: domingo, 14 julho 2019. Partimos de Bezerros pela rodovia BR-232. O relevo é um sobe e desce infinito. O dia amanheceu nublado e chuvisquento. Passamos por Encruzilhada de São João, Caruaru e São Caetano. Após esta cidade, a rodovia passa a ser simples, com acostamento razoável. É um acostamento de pavimento rugoso, mas é largo e sem buracos. Ruy teve um pneu traseiro furado. Passamos por Tacaimbó e paramos em Belo Jardim para almoçar em um rodízio. Depois do almoço, passamos por Sanharó. No final da tarde, a gente chegava a Pesqueira. Na entrada da cidade, um pneu dianteiro furado na bicicleta de Eliane. Enchi o pneu em um posto de gasolina e deu para chegar ao Hotel Estação Cruzeiro. No hotel, troquei a câmara furada. A velocidade média foi de 15 km/h e a máxima de 45 km/h.



Terceiro dia, Pesqueira até a Casa de Taipa, zona rural de Arcoverde, 52 km: segunda-feira, 15 julho 2019. O pneu traseiro de Renilso amanheceu furado. O pneu de Eliane também, a câmara que eu colocara no dia anterior já tinha um furo. Coloquei câmara nova. Partimos do hotel, passamos na antiga estação ferroviária de Pesqueira e pelo centro da cidade. Logo iniciamos a subida para o Santuário da Graça e para o povoado de Cimbres. Sempre fazemos esse percurso por cima das montanhas por causa da beleza da paisagem e da tranquilidade da estrada. A parada no Santuário também vale a pena porque lá se descortina a vista de toda a região em volta e da cidade de Pesqueira. Continuamos a dura subida de asfalto para Cimbres, um total de 20 km com belas paisagens de rocha e vegetação. Cimbres é um povoado indígena com duas ou três ruas e uma igreja. De lá, continuamos por asfalto até o ponto em que adentramos por estradas de terra, algumas bem estreitas. São estradinhas que seguem por cima das serras da região. Descemos da serra e desembocamos no povoado de Mimoso. Voltamos para a rodovia BR-232 e enfrentamos a subida da Serra de Mimoso. No meio da serra, mais um pneu furado, trocamos a câmara e seguimos. Deixamos a rodovia e entramos por estrada asfaltada até o Povoado Caraíbas. De lá, por estrada de terra, continuamos mais alguns km até a Casa de Taipa. Esta é um propriedade rural da família de Rodolfo, com uma casa feita em taipa, e usada para festas da família. Lá nós tivemos nossa comemoração do passeio e do aniversário de Rodolfo, com comidas regionais e bebidas e muito forró. Fazia muito frio, novecentos e tantos metros de altitude. Enfim, já de noite, seguimos em carros para o Hotel Olho Dágua dos Bredos no centro de Arcoverde. A velocidade média foi de 12 km/h e a máxima de 44 km/h.
Na terça-feira, 16 de julho, feriado em Recife, retornamos de van para casa e fim de mais um passeio.

segunda-feira, 8 de julho de 2019