Carnaval elétrico


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O carnaval ter sido esse ano em março, tornou a espera mais ansiosa para a populaçao. a populaçao anseia esquecer seus males. em olinda, desde janeiro que os domingos sao entopidos de gente. eu estive domingo no bloco tá maluco. ta maluco eh um bloco que por nao suportar mais o aperto geral dos dias oficiais, so sai somente no domingo antes de carnaval. é necessário nesse tempo, ver que existem dois (muito mais que dois vc diria) tipos de gente quando se fala em carnaval: ha a juventude dourada - meninos e meninas que nao tem a minima noçao de carnaval nem de nada mesmo e que se balangam ao ritmo de qualquer bosta que toque, desculpa para se beijar e beber (e pouco trepar pois o medo de doença assola essa geraçao) e o outro grupo eh aquele que canta a juventude dourada de capiba, gente que gosta de carnaval, de bloco, de seguir o bloco. eu que sempre estou dentro e fora do carnaval ao mesmo tempo, e que alimento tambem uma relaçao de amor e odio com a cidade de olinda, no meu primeiro dia de carnaval, comecei a enxergar varias epifanias: em varias musicas e trechos de musicas em que se ve no rosto das pessoas um momento sublime de compreensao mutua, praise the lord,......dizendo bem que no recife tem o carnaval melhor do meu brasil.... entre tantos outros trechos em que os rostos se aproximam de uma experiencia, se nao divina, pelo menos de extrema uniao simbolica com outros seres humanos. o hino de pernambuco tambem epifanico, o bom sebastiao, tambem, musica mulheres e flores e etc. deveria ser criada a AVEC,  associaçao dos velhos carnavais, onde so entraria quem soubesse cantar na integra os versos completos dessas musicas, inclusive aqueles versos cuja metrica nao cabe nos compassos (collins aldrin e armstrong entre eles). em alguns momentos, deixei ate de contemplar a epifania para somar minha voz e emoçao a ela. houve, domingo, como sempre ha, epifanias sonoras, de bumbos (alfaias melhor dizendo),  quando meu grupo de maracatu de branquelo favorito, o baquenambuco, faz o seu crescendo e os bum bum dos bumbos vai subindo e todo mundo se sente elevado (quase tudo entre aspas), e a felicidade final nos rostos quando da bumbada final. talvez para irritar os puristas, começamos por chamar a orquestra de banda, a perguntar para que lado ia aquela flamula la na frente, o estandarte, que depois passamos a chamar de flagelo em alusão aos famosos flabelos dos blocos de véia, e por fim quando os blocos passavam na ladeira da prefeitura e tocavam ceroula, obrigatoriamente diga-se, nós falavamos da casa de cadela, em lugar de cabela. alias, te digo que se vc ainda nao apertou a mao de cabela, aproveite e faça isso logo pois nao dou mais que dois anos de vida para ele, está cada vez mais magro e doente. no terreno das epifanias olindenses, cabela ja tem cheiro de santidade. resta ainda dizer que encontrei uma interessantissima combinaçao que - apesar de ter sido fundado em 2005, eu so conheci domingo. foi o congobloco, eh um bloco que sai do mercado eufrasio e que colocou entre os chocalhos e as alfaias uma ruma de metais, e o som que eles fazem eh algo muito legal, algo que parece assim carimbó ou sei lá que nao sou david byrne. fica muito legal os metais na levada do maracatu. agora, vc tem que ficar perto dos metais pois se vc ficar depois, nas alfaias, elas apagam os metais completamente. perguntei a tres pessoas do bloco quando ele sai no carnaval e obtive portanto... tres respostas diferentes. Isso eh parte da epifania? nao sei.
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