Occitanie / Occitânia - uma cicloviagem


Projeto de cicloviagem:

Occitanie ou Occitânia (em português) é uma região histórica do sudoeste da Europa na qual a língua predominante era o occitano. A língua era o principal ponto em comum entre os habitantes dessa região. A Occitânia abrange a maior parte do sul da França, uma pequena parte da Espanha e uma pequena parte da Itália. O nome Occitânia deriva da forma como Dante se referiu à língua da região: a língua de occ, pois occ era a forma de dizer sim na região, em contraposição à língua do si (italiano) e à língua do oui (francês).

Especificamente na França, a Occitânia abrange diversas regiões administrativas - observe-se que a França se divide em regiões e as regiões se dividem em departamentos. Entre as regiões por onde a língua occitana se espalha, estão a Aquitânia (Aquitaine - capital Bordeaux), a região de Midi-Pyrénées (capital Toulouse) e a região de Languedoc-Roussilon (capital Montpellier). Curiosamente, o Languedoc deriva seu nome da denominação da língua occitana, obviamente. Essas três regiões são as que me interessam, no momento, para uma cicloviagem. Aquitaine se divide nos departamentos de Dordogne, Gironde,  Landes, Lot-et-Garonne, Pyrénées-Atlantique. Midi-Pyrénées se divide em oito departamentos: Ariège, Aveyron, Haute-Garonne, Gers, Lot, Hautes-Pyrénées, Tarn e Tarn-et-Garonne. Por fim, Languedoc-Roussillon se divide em cinco departamentos: Aude, Gard, Hérault, Lozère e Pyrénées-Orientales.

Fica claro, ainda, olhando-se os mapas, porque a Occitânia é também chamada de Entre-Dois-Mares. A região fica entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico.

No século XVII, Pierre-Paul Riquet, um empresário e coletor de impostos sobre o sal, apresentou ao Rei Luís XIV um projeto de canal que ligasse a cidade de Toulouse ao Mar Mediterrâneo. O projeto visava evitar que os barcos franceses de transporte de mercadorias, especialmente trigo, não precisassem mais contornar a Península Ibérica, evitando ainda pagar impostos à Espanha na passagem pelo Estreito de Gibraltar. Com o canal, os barcos entrariam pela Lagoa de Thau, próxima à cidade francesa de Sète, subiriam até Toulouse, e de lá seguiriam pelo rio Garonne, que nasce nos Pirineus e passa por Toulouse e Bordeaux, desaguando no Oceano Atlântico.

Depois da aprovação real, Riquet coordenou a execução dos trabalhos, que necessitaram de 12 mil trabalhadores e duraram de 1667 a 1681. O canal, que conta com 65 eclusas entre Toulouse e a Lagoa de Thau, se chamava inicialmente "canal real do Languedoc", mas depois da Revolução Francesa, passou a ter o nome com o qual é conhecido hoje: Canal du Midi. Durante muitos anos, o Canal du Midi serviu para o transporte de passageiros, vinho, trigo e outras mercadorias, através de seus 241 quilômetros. Hoje, o Canal du Midi é Patrimônio da Humanidade.

Posteriormente, para melhorar o transporte, foi construído o canal lateral do rio Garonne, entre os anos de 1838 e 1856. O canal do Garonne vai de Toulouse até a cidade de Castets-en-Dorthe, que fica próxima à Bordeaux. Portanto, os dois canais juntos propiciavam uma excelente ligação entre o Oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo.

Atualmente, os canais não são mais usados para o transporte de cargas. Entretanto, barcos de passeio e de turismo trafegam constantemente pela região. Além disso, ao longo dos dois canais, foram construídas ciclovias, e é grande a quantidade de viajantes que percorrem esse trajeto, tanto em bicicletas como a pé, e até em cavalos e burros. As ciclovias que acompanham o Canal do Garonne e o Canal du Midi apresentam piso variado, sendo de asfalto em muitos trechos, mas também de terra e de pedrisco.

As cidades mais interessantes (e históricas) ao longo desse trajeto que liga os dois mares são: Bordeaux, Agen, Moissac, Toulouse, Castelnaudary, Carcassonne, Bèziers, Agde e Sète. A partir de Sète, pode-se ainda chegar facilmente por ciclovias e rotas tranquilas até a cidade de Montpellier.

Portanto, e enfim, espero poder em breve fazer essa cicloviagem: partir de Bordeaux, acompanhar o rio Garonne e, logo a seguir, o canal lateral do Garonne, alcançar Toulouse e seguir pelo Canal du Midi, chegar até Sète e por fim Montpellier.

Bandeira occitana.