Béziers - Séte - 69 km.


Terça-feira, primeiro de outubro. Grande dia: fomos ao ponto final do Canal du Midi - quando ele desemboca na Lagoa de Thau e depois chegamos ao Mar Mediterrâneo na cidade de Séte - depois de ter saído dias atrás de Bordeaux, cujos rios desaguam no Oceano Atlântico. Portanto, cumprimos, de bicicleta, a antiga função do Canal du Midi e do Canal de Garonne - imaginada por Pierre-Paul Riquet - de ligar o Mediterrâneo ao Atlântico. Este o motivo do nome dessa ciclo-rota: Entre Dois Mares. Amanhã temos um dia de descanso e na quinta voltamos a pedalar em direção a Montpellier. No nosso trajeto até agora, viajamos dentro da história do antigo território de Occitaine - um povo com língua e cultura próprias - e dentro do chamado País Cátaro - pois grande parte dessa região foi lar dos cátaros, cristãos que buscavam uma religião pura (cátaro é puro, em grego). Em vários lugares pelos quais passamos, encontramos o símbolo de Occitaine (uma cruz com 12 esferas nas pontas) e também várias referências aos cátaros. Só para ressaltar: Carcassonne e Béziers foram importantes fortalezas cátaras.

Bem, então, depois do café da manhã em Béziers, pedalamos um pouco pela cidade, e fomos conhecer a igreja de Santa Madalena e a imensa catedral fortaleza de Saint-Nazaire (século XIII). De lá, descemos da cidade alta em direção ao rio Orb, passamos pela Ponte Velha e chegamos a ponte-canal do Midi, na entrada cidade. Voltamos ao nosso Canal e seguimos sua ciclo-rota. 

Hoje, grande variação de tipo de pisos e paisagens. Na ciclo-rota, pegamos asfalto, barro, trilhas muito estreitas cercadas de vegetação, áreas alagadas ao lado da estrada, semelhante a pântanos ou mangues, e áreas de preservação ambiental. Muito sol quente e céu azul.

Na hora aproximada de almoçar - os restaurantes só servem almoço entre 12h e 13e30, raramente até 14h - saímos do Canal em direção a pequena e bela cidade de Vias. No pequeno centro histórico da cidade há muitos restaurantes. Escolhemos um e almoçamos, com cerveja, vinho, sol e pão. Saímos pesados de lá, visitamos a igreja da cidade e voltamos para o canal.

Próxima cidade em que entramos foi Agde, às margens do rio Hérault. O trajeto é um pouco complicado em Agde, pois o Canal du Midi desemboca em uma margem do rio Hérault e continua mais adiante na outra margem. Entramos em Agde, demos uma pequena volta para ver a cidade, e seguimos pela margem do rio, um single track no meio da vegetação, até reencontrar o Midi.

Continuamos seguindo a rota do canal por trilhas estreitas no meio da vegetação, até o ponto em que o canal começa a entrar na Lagoa de Thau. Há diques de ambos os lados do canal, que conduzem a navegação até dentro da Lagoa. No ponto mais extremo do dique do Canal há um farol. Ali termina o famoso Canal du Midi - que seguimos completamente desde Toulouse. Chegamos nesse ponto com bastante alegria. Fotos e olhar a paisagem da lagoa. Água aparentemente muito limpa e fria.

Voltamos percorrendo todo o dique e pegamos a ciclovia - perfeita - que leva até a cidade de Séte, distante cerca de 17 km. Nesse ponto, já começamos a ver o Mediterrâneo no horizonte. Seguimos admirando a qualidade da ciclovia - totalmente independente dos automóveis - quando encontramos uma barreira do exército. Havia sido encontrada uma mina da segunda guerra mundial na praia e o exército estava desmontando a mina e procurando outras, e haviam bloqueado a praia e a ciclovia. Alguns ciclistas franceses estavam lá reclamando com os soldados que teríamos que ir para Séte pela rodovia e que não havia nem policiais nem o exército para nos ajudar no trajeto compartilhado com os automóveis.

Depois que fomos instruídos pelo soldado a voltar e seguir pela rodovia, e mais na frente entrar de volta para a ciclovia, pois só um trecho estava bloqueado, o soldado do exército francês falou com a gente em português. Ele era de Portugal. Seguimos pela rodovia que tem acostamento estreito por alguns quilômetros e logo voltamos para a ciclovia.

Chegamos a Séte sem mais problemas. A cidade tem suas casas na margem de canais que fazem a ligação do Mediterrâneo com a Lagoa de Thau, e é um porto pesqueiro. Encontramos os hotéis, jantamos e final do dia. Banho e lavar roupas. Amanhã, descanso e passeios em Séte, e quinta-feira seguimos para Montpellier.

 O dia amanheceu rosa sobre a cidade de Béziers.

Logo, logo, sol forte sobre a catedral fortaleza de Saint-Nazaire.

 A catedral vista de perto e...

vista de longe, a partir da Ponte Velha.

Béziers, Ponte Velha e catedral.

 Encontrando o canal na ponte-canal em Béziers.

 Cenas do canal.

 Cenas do canal.

Campos alagados junto ao canal.

 Atravessando um antigo aqueduto do canal.

Atravessando um antigo aqueduto do canal.

Trilhas estreitas em alguns pontos.

 Hora do almoço na cidade de Vias.

Hora do almoço na cidade de Vias.

 De volta ao trabalho, depois do almoço.

 Cenas da rota do canal.

 Cenas da rota do canal.

 Cenas da rota do canal.

Cenas da rota do canal.

Cenas da rota do canal.

 Trechos da rota perto da Lagoa de Thau.

Trechos da rota perto da Lagoa de Thau.

O Canal du Midi termina exatamente neste ponto, quando desemboca na Lagoa de Thau.

 O Canal du Midi termina exatamente neste ponto, quando desemboca na Lagoa de Thau.

Lagoa de Thau.

Bagaceira chegando à Lagoa de Thau.

Ponto extremo do canal.

Lagoa de Thau e ao fundo a cidade de Séte, para onde estamos indo.

Voltando que ainda falta contornar a lagoa até a cidade de Séte.

O dique que separa o canal da lagoa.

 A ciclovia perfeita que leva Séte.

Mas o soldado não deixou passar porque estão procurando minas da segunda guerra.

Chegamos a Séte, porto pesqueiro do Mediterrâneo, famosa por seus canais.

Séte.