Rota Márcia Prado

Passeio de bike de SP a Santos é cancelado por excesso de público e falta de segurança

FOLHA DE SÃO PAULO

O passeio de bicicleta que levou quase 7.000 ciclistas de São Paulo a Santos em 2012 não ocorrerá neste ano. O aumento de público e a falta de segurança do evento Rota Márcia Prado são alguns dos motivos do cancelamento.

Na internet, ciclistas reivindicam em uma petição mais rondas policiais para evitar roubos de bicicletas. "No fim de semana do dia 13 de novembro [de 2013] foram levadas cinco bicicletas escolhidas a dedo pelos assaltantes, que comandavam o bonde com suas armas como um maestro regendo a orquestra com sua baqueta", diz o texto.

Para a vice-presidente do Instituto CicloBr --que organiza a descida desde 2009--, Nataly Maria Gonçalves, a questão dos roubos não gerou o cancelamento do evento. "Independentemente da rota, o Brasil sofre com questões de segurança. Nosso ativismo tem a ver com tornar a rota oficial em todos seus trechos, desde São Paulo até a ponta da praia. Deixamos isso claro desde a última descida." Nataly afirma que houve roubos no ano passado, mas que o instituto não tem os números de ocorrências.

Como a estimativa era de que 10 mil ciclistas participassem da Rota deste ano, o instituto procurou, em setembro, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo para que a Ecovias, concessionária da rodovia dos Imigrantes, passe a colaborar com a segurança do evento. Enquanto isso, o passeio está suspenso.

No ano passado, pela primeira vez a Ecovias se dispôs a sinalizar 5 km de acostamento (trecho da via que faz parte da rota ciclística) e colocar avisos nos painéis eletrônicos da pista para alertar os motoristas, diz o instituto.

Ao mesmo tempo, a empresa quis cobrar do instituto mais de R$ 90 mil, afirma Felipe Aragonez, 28, diretor de comunicação do CicloBR. Em anos anteriores, além de não ajudar, a concessionária chegou a tentar impedir o passeio, segundo Felipe.

OUTRO LADO

A Ecovias informou que nunca "se colocou contrária à realização do evento Rota Márcia Prado" e que busca apenas que ele não comprometa a segurança dos usuários da via, "estejam eles em veículos motorizados ou não".

Informa ainda que já foram realizadas diversas reuniões com os organizadores para esclarecer as providências necessárias para o aceite da Ecovias e autorização pela Artesp, DER e Polícia Militar Rodoviária. As medidas, segundo a concessionária, incluem sinalização específica e uso de viaturas para acompanhamento do evento, conforme exigência do DER.

A concessionária não comentou a tentativa de cobrança pela segurança do evento do ano passado nem as acusações do Instituto CicloBR de que ciclistas têm sido impedidos ao longo do ano de usar o trecho da rota sobre concessão da empresa.

O percurso de 100 km de extensão começa na ciclovia da marginal Pinheiros, passa por São Bernardo do Campo e pela rodovia dos Imigrantes para chegar ao ponto alto da viagem: o parque estadual da serra do Mar. Dali os ciclistas pegam um trajeto em Cubatão e, então, a interligação da via Anchieta com a Imigrantes até Santos. O trecho da Rota que passa por São Paulo já foi oficializado por lei na cidade.