sexta-feira, 27 de abril de 2007

musiquinha

telefono para o atendimento do banco
para cancelar apólices de seguro de vida

o computador tem voz de mulher
a mulher pede número da agência, conta e dígito
- tec tec tec tec tec...

a computadora pede a senha eletrônica
que danadéisso?

uma dúzia de opções...
- para saber a cotação da nasdaq antes do crack
de 1929, disque 7

nenhuma me serve, então
opção 9, outros serviços
- tec
mais uma dúzia de opções
opção 792, seguros
é a minha

mais uma dúzia de opções
a quantidade de opções não diminui

opção 673, seguros de vida
é a minha

a mulher, a computadora
pede o número do cartao de segurança
onde tá essaporra?

- tec tec tec tec...

- musiquinha, musiquinha, musiquinha

- o itaú agradece etc etc etc

- musiquinha musiquinha musiquinha

enfim alguém gente atende

- quero cancelar as duas apólices de seguros de vida
- o sr tem duas apólices de seguros...
- eu sei
- o sr tem duas apolices, uma feita em junho
e outra em fevereiro
- quero cancelar as duas, porque eu só fiz a primeira
- o sr tem duas apólices, uma feita...
- eu sei, quero cancelar as duas, eu não fiz a segunda
- a segunda foi feita pela funcionária fulana de tal
da agência tal, avenida priu
- não me interessa, quero cancelar as duas apólices
porque nao fiz a mais recente nem OTORIZEI
ninguém a fazer
- que tal o sr cancelar somente...
- quero cancelar as duas apólices
- mas a apólice numero x vai ter um sorteio...
- quero cancelar as duas apólices
- mas o sr ja tem a primeira apólice desde...
- quero cancelar as duas apólices
- um momento...
- pronto, as duas apólices estão canceladas
- obrigado
- o sr foi selecionado entre os clientes de sua agência
para receber uma cartão de crédito...
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOO!
- tu tu tu tu tu tu tu

blindness - ensaio sobre a cegueira

ainda pensando no ensaio sobre a cegueira de saramago
mas também fiz esse desenho pensando nas mitológicas
gréias, as três mulheres velhas que guardam a entrada
da morada das górgonas, e que se revezam no uso
de um único olho, essa cegueira momentânea ligou-se
à treva branca de saramago, em mim.

paul mccartney - another day

Every day she takes a morning bath, she wets her hair
Wraps a towel around her as she's heading for the
bedroom chair
It's just another day

Slipping into stockings, stepping into shoes
Dipping in the pocket of her raincoat
It's just another day

At the office where the papers grow she takes a break
Drinks another coffee and she finds it hard to stay
awake
It's just another day
Du du du du du du, it's just another day
Du du du du du du, it's just another day

So sad, so sad, sometimes she feels so sad
Alone in her apartment she'd dwell
Till the man of her dreams comes to break the spell
Ah, stay, don't stand her up
And he comes and he stays, but he leaves the next day
So sad, sometimes she feels so sad

As she posts another letter to the sound of five
People gather 'round her and she finds it hard to stay
alive
It's just another day
Du du du du du du, it's just another day
Du du du du du du, it's just another day

So sad, so sad, sometimes she feels so sad
Alone in her apartment she'd dwell
Till the man of her dreams comes to break the spell
Ah, stay, don't stand her up
And he comes and he stays, but he leaves the next day
So sad, sometimes she feels so sad

Every day she takes a morning bath, she wets her hair
Wraps a towel around her as she's heading for the
bedroom chair
It's just another day

Slipping into stockings, stepping into shoes
Dipping in the pocket of her raincoat
Ah, it's just another day
Du du du du du du, it's just another day
Du du du du du du, it's just another day

quinta-feira, 26 de abril de 2007

she said, ela disse

she said
ela disse

a saudade é algo que já se cristalizou

rocket man


elton john - rocket man

She packed by bag last night, preflight
Zero hour, nine a.m.
And I'm gonna be high
As a kite by then

I miss the earth so much
I miss my wife
It's lonely out in space
On such a timeless flight

And I think it's gonna be a long, long, time
'Til touchdown brings me 'round again to find
I'm not the man they think I am at home
Ah, no no no...
I'm a rocket man
Rocket man
Burnin' out his fuse
Up here alone

And I think it's gonna be a long, long, time
'Til touchdown brings me 'round again to find
I'm not the man they think I am at home
Ah, no no no...
I'm a rocket man
Rocket man
Burnin' out his fuse
Up here alone

Mars ain't the kind of place
To raise your kids
In fact, it's cold as hell
And there's no one there to raise them
If you did

And all this science
I don't understand
It's just my job
Five days a week
A Rocket Man
Rocket Man

And I think it's gonna be a long, long, time
'Til touchdown brings me 'round again to find
I'm not the man they think I am at home
Ah, no no no...
I'm a rocket man
Rocket man
Burnin' out his fuse
Up here alone

And I think it's gonna be a long, long, time
'Til touchdown brings me 'round again to find
I'm not the man they think I am at home
Ah, no no no...
I'm a rocket man
Rocket man
Burnin' out his fuse
Up here alone

And I think it's gonna be a long, long, time
And I think it's gonna be a long, long, time
And I think it's gonna be a long, long, time
And I think it's gonna be a long, long, time
And I think it's gonna be a long, long, time
And I think it's gonna be a long, long, time

terça-feira, 24 de abril de 2007

ensaio sobre a cegueira - essay about blindness


de olhos largamente abertos

na primeira página do jornal se-espremer-sai-sangue
if you squeeze out, blood drip
o bandido morto pela polícia
se foi morto pela polícia deve ser bandido
embora na “época aqui descrita” saramago
não se possa ter a completa certeza

na primeira página do jornal
o bandido morto na calçada
de olhos abertos na foto colorida
de olhos largamente abertos

o morto de olhos abertos
quando a morte é o escuro
a morte é o não-ver
o morto de olhos abertos
parece um cego de saramago
que abre os olhos mais e mais
na tentativa de ver
mortos e cegos que querem ver

o bandido morto na calçada
uma perna estirada, a esquerda
uma perna meio dobrada, a direita
um braço ao longo do corpo, esquerdo
um braço semi-estendido, o direito
como um espadachim
a mão como se ainda segurasse uma arma
invisível
a mão como se segurasse uma arma invisível

pela calçada e pelo corpo
gotas e gotas e linhas vermelhas de sangue
como um jackson pollock amador
dripping
linhas e gotas lançadas da perna
em direção ao meio-fio
linhas e gotas lançadas sobre a camisa
e o braço em direção ao nada

os olhos bem abertos

o bandido morto caiu entre duas paredes
uma quina, um ângulo reto
entre a parede e uma saliência
a cabeça meio jogada para trás
de olhos largamente abertos

agora morto
pollock de subúrbio província
torna-se manequim

a foto colorida na capa do jornal
a foto em preto e branco e cinza
nas páginas internas

divergem

em uma delas apenas o bandido
em outra, uma arma longa no cós da calça
colocada de forma incômoda
como meninos que brincam de polícia

de olhos abertos
na foto, real e ficção

segunda-feira, 23 de abril de 2007

ensaio sobre a cegueira - trecho

O mal da rapariga dos óculos escuros não era de gravidade, tinha apenas uma conjuntivite das mais simples, que o tópico ligeiramente recomendado pelo médico iria resolver em poucos dias. Já sabe, durante esse tempo só tira os óculos para dormir, dissera-lhe. O gracejo levava muitos anos de uso, é mesmo de supor que viesse passando de geração em geração de oftalmologistas, mas o efeito repetia-se de cada vez, o médico sorria ao dizê-lo, sorria o paciente ao ouvi-lo, e neste caso valia a pena, porque a rapariga tinha os dentes bonitos e sabia como mostrá-los. Por natural misantropia ou demasiadas decepções na vida, qualquer céptico comum, conhecedor dos pormenores da vida desta mulher, insinuaria que a bonitez do sorriso não passava de uma artimanha de ofício, afirmação maldosa e gratuita, porque ele, o sorriso, já tinha sido assim nos tempos não muito distantes em que a mulher fora menina, palavra em desuso, quando o futuro era uma carta fechada e a curiosidade de abri-la ainda estava por nascer. Simplificando, pois, poder-se-ia incluir esta mulher na classe das denominadas prostitutas, mas a complexidade da trama das relações sociais, tanto diurnas como nocturnas, tanto verticais como horizontais, da época aqui descrita, aconselha a moderar qualquer tendência para juízos peremptórios, definitivos, balda de que, por exagerada suficiência nossa, talvez nunca consigamos livrar-nos. Ainda que seja evidente o muito que de nuvem há em Juno, não é lícito, de todo, teimar em confundir com uma deusa grega o que não passa de uma vulgar massa de gotas de água pairando na atmosfera. Sem dúvida, esta mulher vai para a cama a troco de dinheiro, o que permitiria, provavelmente, sem mais considerações, classificá-la como prostituta de facto, mas, sendo certo que só vai quando quer e com quem quer, não é de desdenhar a probabilidade de que tal diferença de direito deva determinar cautelarmente a sua exclusão do grémio, entendido como um todo. Ela tem, como a gente normal, uma profissão, e, também como a gente normal, aproveita as horas que lhe ficam para dar algumas alegrias ao corpo e suficientes satisfações às necessidades, as particulares e as gerais. Se não se pretender reduzi-la a uma definição primária, o que finalmente se deverá dizer dela, em lato sentido, é que vive como lhe apetece e ainda por cima tira daí todo o prazer que pode.

Ensaio sobre a cegueira
José Saramago

ensaio sobre a cegueira - essay about blindness


ensaio sobre a cegueira - essay about blindness


nelson ascher - virgínia tech

Poucas coisas despertam tanto a curiosidade humana como o crime, principalmente os assassinatos em massa, os hediondos e os inexplicáveis. Cada indivíduo ou grupo os interpreta de maneira a que façam sentido na sua visão mais ampla de mundo, mas de modo também a que não a refutem nem contradigam. Como o mistério mais fascinante neste vale de lágrimas, nada revela tão bem as crenças e a ideologia de uma pessoa quanto o modo segundo o qual ele ou ela busca explicar a criminalidade em geral e, em particular, o homicídio.

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isto é o final do artigo de nelson ascher na folha de são paulo
sobre o atirador na virgínia tech

where do you come? de onde?


sexta-feira, 20 de abril de 2007

ensaio sobre a cegueira - essay about blindness

O disco amarelo iluminou-se. Dois dos automóveis da frente aceleraram antes que o sinal vermelho aparecesse. Na passadeira de peões surgiu o desenho do homem verde. A gente que esperava começou a atravessar a rua pisando as faixas brancas pintadas na capa negra do asfalto, não há nada que menos se pareça com uma zebra, porém assim lhe chamam. Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal da embraiagem, mantinham em tensão os carros, avançando, recuando, como cavalos nervosos que sentissem vir no ar a chibata. Os peões já acabaram de passar, mas o sinal de caminho livre para os carros vai tardar ainda alguns segundos, há quem sustente que esta demora, aparentemente tão insignificante, se a multiplicarmos pelos milhares de semáforos existentes na cidade e pelas mudanças sucessivas das três cores de cada um, é uma das causas mais consideráveis dos engorgitamentos da circulação automóvel, ou engarrafamentos, se quisermos usar o termo corrente.

José Saramago
Ensaio sobre a Cegueira

hugs free

na pista de caminhada e corrida
(que mede aproximadamente
quatro metros de largura)
ao longo da margem do rio urbano

caminhando em minha direção
(a cerca de cinquenta metros
de distância)

três moças portando cartazes
(feitos de cartolina e escritos
à mão)

nos cartazes escrito:
abraços grátis
hugs free

eu disse:
iiiiiiiiiiiiiiiiiiii

não disse, pensei
iiiiiiiiiiiiiiiiiiii
não queria abraços, mesmo free

as três moças distribuem-se
nos quatro metros da largura da pista
de forma que ninguém consiga escapar

estamos nos aproximando

caminho em trajetória
desviada para a esquerda
na vã tentativa de passar desapercebido
ou fugir correndo louco
em disparada pelo gramado

poucos metros nos separam
elas gritam: abraços grátis
não obrigado, digo
não quer abraços grátis?
as três perguntam em uníssono clichê

a moça da ponta
direita delas esquerda minha
abre os braços e fecha qualquer última
esperança de fuga

está vestida de vestido preto de alças
e cabelos pretos
e me abraça
seu peito direito redondo e grande
é achatado contra minhas costelas

depois que ela me liberta
fujo correndo e me atiro no rio

essay about blindness - ensaio sobre a cegueira

(re)-lendo e re-lendo
o ensaio sobre a cegueira
josé saramago
e perpetrando desenhos sobre

essay about blindness - ensaio sobre a cegueira


quarta-feira, 18 de abril de 2007

revólver revolver


gordobeso

o doido gordobeso e velho (40 anos)
se apaixonou sem mais por uma mocinha (19 anos)

e não correspondido
a matou

e depois foi se esconder em uma igreja

ia se matar, mas depois de horas
de cerco policial, desmaiou e foi preso

escrevera um bilhete dizia

saio da vida por OPISSÃO
e levo comigo meu grande amor etc etc

pela opção merecia morrer
matou a mocinha em flor
e a última flor do lácio clichê

terça-feira, 17 de abril de 2007

brain damage


cotidiano


o cotidiano é algo que se pode descrever
com um mínimo de interesse
(para o outro) ?
acordar, café ou não café
caminhar até o trabalho
trabalhar ou não, fazer de conta que
almoçar, trabalhar de novo
ou não, fazer de conta que
caminhar de volta para casa
ainda há sol forte no céu
naquela hora
trocar a roupa de trabalhar
pela roupa de exercícios
caminhar, alongar
voltar para a casa, café
ou não, sopa e pão
banho, xadrez e livros, dormir

não há um mínimo de interesse

segunda-feira, 16 de abril de 2007

eça de queiroz

A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no outono de 1875, era conhecida na vizinhança da rua de São Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela casa do Ramalhete ou simplesmente o Ramalhete. Apesar deste fresco nome de vivenda campestre, o Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas varandas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado, tinha o aspecto tristonho de residência eclesiástica que competia a uma edificação do reinado da Sra. D. Maria I: com uma sineta e com uma cruz no topo assimilhar-se-ia a um Colégio de Jesuítas. O nome de Ramalhete provinha decerto d'um revestimento quadrado de azulejos fazendo painel no lugar heráldico do Escudo d'Armas, que nunca chegara a ser colocado, e representando um grande ramo de girassóis atado por uma fita onde se distinguiam letras e números d'uma data

Eça de Queiroz
Os Maias

invólucro


dicionário diz que invólucro
é aquilo que serve (ou é usado)
para envolver, cobrir,
o mesmo que envoltório, cobertura,
revestimento, involutório

o corpo, invólucro de sangue
carne tripas líquidos bactérias

lily e paulinho também


borges


borges

borges, no livro “o informe de brodie”,
cria uma tribo que conta apenas até quatro
e só tem consoantes na linguagem

entre outras características muitas

curiosamente
vem essa matéria da folha de são paulo
sobre a tribo dos pirahãs
e sua linguagem

Tribo do AM causa guerra na lingüística

Tribo do AM causa guerra na lingüística

Americano diz que a língua dos pirahãs, que só contam até três, desafia a teoria mais aceita sobre a linguagem humana
Segundo Daniel Everett, idioma é exceção à chamada Gramática Universal; trio que analisou trabalho, no entanto, critica a hipótese

CLAUDIO ANGELOEDITOR DE CIÊNCIA

Uma tribo de caçadores-coletores do sul do Amazonas está colocando lingüistas e antropólogos em pé de guerra. Segundo um pesquisador, a língua dos pirahãs, um grupo de 350 pessoas que habitam o rio Maici, perto da divisa com Rondônia, é tão excepcional que põe em xeque a principal teoria vigente sobre a linguagem humana. A tese, no entanto, é contestada por outros lingüistas.Os pirahãs ficaram famosos entre os acadêmicos devido ao trabalho do americano Daniel Everett, 55, um ex-missionário cristão que hoje é professor da Universidade Estadual de Illinois. Ele começou a estudar a língua da tribo nos anos 1970, com o objetivo (que nunca foi cumprido) de catequizá-los.Enquanto aprendia a língua, vivendo numa aldeia pirahã com a mulher e os filhos, Everett descobriu uma série de peculiaridades no idioma.

Os pirahãs não têm palavras para cores. Usam apenas oito consoantes e três vogais. Não possuem mitos de criação, não têm tempos verbais, não fazem arte e só sabem contar até três.

Em 2005, Everett publicou no periódico "Current Anthropology" um artigo no qual afirmava também que a língua pirahã não tem recursividade, ou seja, a capacidade de formar sentenças encaixando uma frase na outra. Assim, um pirahã seria capaz de dizer "a canoa de João", "o irmão de João", mas nunca "a canoa do irmão de João". Como vivem numa sociedade extremamente simples, onde o que conta é a experiência imediata (o aqui e agora), os pirahãs, argumenta Everett, têm sua língua (e, portanto, seu pensamento) limitados pela cultura -um caso único.O trabalho caiu como uma bomba no meio lingüístico. Se Everett estivesse certo, o idioma pirahã seria um sério desafio à teoria da Gramática Universal. Desenvolvida pelo influente lingüista americano Noam Chomsky, a teoria afirma que todos os seres humanos possuem uma faculdade inata da linguagem, uma espécie de "órgão da linguagem" no cérebro. Essa capacidade independeria do meio cultural, tendo sido impressa nos circuitos cerebrais do Homo sapiens pela evolução. E a principal marca dessa faculdade é justamente a recursividade.Uma exceção a essa regra significaria ou que os pirahãs não são humanos ou que o arcabouço intelectual chomskiano -sob o qual se formaram gerações de lingüistas- está falido. Everett, é claro, aposta na segunda hipótese.BombandoA tese de Everett sobre como a chamada "experiência imediata" limita a competência lingüística dos pirahãs saiu do domínio da academia na semana passada e se espalhou como rastilho de pólvora na imprensa popular. Uma reportagem de 20 páginas intitulada "O Intérprete - Será que uma tribo remota da Amazônia virou do avesso nossa compreensão da linguagem?" foi publicada na prestigiosa revista americana "The New Yorker" e citada por jornais on-line, revistas e blogs nos EUA e no Brasil.No entanto, no final do mês passado, antes de a "New Yorker" ir para a banca, um trio de lingüistas dos EUA e do Brasil postou no site especializado Lingbuzz um artigo contestando ponto a ponto o trabalho de Everett. Andrew Nevins, da Universidade Harvard, David Pesetsky, colega de Chomsky no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e Cilene Rodrigues, da Unicamp, afirmam -com base em trabalhos anteriores do próprio Everett- que o pirahã não apresenta desafio à Gramática Universal.

Longe de ser "único", pirahã tem traços comuns com o alemão, dizem críticos

Longe de ser "único", pirahã tem traços comuns com o alemão, dizem críticos
DA REDAÇÃO

No trabalho "A Excepcionalidade do Pirahã: uma reavaliação", os lingüistas compararam o pirahã com várias línguas e descobriram que o idioma, longe de ser um "caso excepcional", tem semelhanças com o alemão, o bengali e o chinês.A suposta matemática única dos pirahãs, afirmam, é compartilhada por outras tribos da Amazônia, como os xetás (até mesmo o tupi tinha um sistema de contagem limitado), que só contam até três. E há, sim, evidências de recursividade.Além disso, Everett tem despertado a fúria de antropólogos e lingüistas brasileiros, que o acusam veladamente de "monopolizar" os pirahãs, restringindo o acesso de outros às aldeias, e de pesquisar sem autorização da Funai (Fundação Nacional do Índio) - o que a sede da Funai confirma."No cerne disso tudo há uma confusão sobre o que é a Gramática Universal", disse David Pesetsky à Folha. Acho que Everett confundiu a teoria de Chomsky, Hauser e Fitch", afirmou, referindo-se à sua reformulação, que Chomsky publicou em 2003 juntamente com Marc Hauser, de Harvard, e Tecumseh Fitch, da Universidade St. Andrews (Escócia)."O fato de não se poder dizer em pirahã "A canoa do irmão de João", por exemplo, existe em alemão. Everett diz que esse fato em pirahã se deve à cultura extremamente limitada, mas os alemães não têm essa limitação cultural. Eles navegam na internet. Então, o fato em alemão não se deve à cultura."Sem elaboraçãoRodrigues afirma que Everett "não tem uma teoria e sim uma hipótese", que padece de uma "falta de elaboração teórica". "A experiência imediata, para nós, é uma forma que ele encontrou de colocar todas as observações que ele acha interessantes no mesmo saco. Isso é cientificamente frágil", disparou. "E, se fosse assim, por que a limitação cultural só influencia a linguagem e não outras partes do sistema cognitivo, como a visão?" -questiona.Everett publicou no mesmo Lingbuzz uma resposta a Rodrigues e colegas, a quem chama de "lingüistas de gabinete". Também os acusa de ter usado seus escritos de 20 anos atrás para refutar sua tese."Não há evidência em pirahã de recursividade", disse Everett à Folha, por e-mail, num português perfeito. "Além do mais, o Chomsky nem define bem o que ele quer dizer com isso -muito menos o Fitch, que foi comigo para a aldeia.Everett, que tem visto de residente permanente no Brasil, diz que sempre pesquisa com autorização "do delegado da Funai de Porto Velho" e que sempre estimula, não impede, que outros visitem a área. "No entanto, os pirahãs quase não falam português e eu sou o único pesquisador secular que já aprendeu a língua deles."Tecumseh Fitch diz que a questão ainda está aberta. "[Mas] é um truísmo que a cultura molda a linguagem. É por isso que o brasileiro tem a palavra "samba" e escocês tem a palavra "haggis". E daí? As implicações disso para a Gramática Universal são nulas." Ele continua: "Everett, como muitos críticos de Chomsky, tem uma concepção própria da Gramática Universal, contra a qual ele se bate". Mas seus dados "são tão convincentes quanto a falta de evidência pode ser -ou seja, não muito".

NA INTERNET - Leia os artigos de
Nevins e colegas e a resposta de Everett (em inglês) http://ling.auf.net/lingbuzz/@FMOHZRLOElguQmMB/VKSrtjhf?230

sexta-feira, 13 de abril de 2007

somerset maugham


somerset maugham

Nunca senti maior apreensão ao começar um romance. E se digo romance é por não saber de que outra maneira chamá-lo. Não tem um grande enredo, não acaba com a morte ou casamento. A morte põe termo a todas as coisas e é, portanto, fim lógico para uma história; mas também o casamento é solução muito correta e os blasés fariam mal em escarnecer daquilo que comumente se diz que “acabou bem”. O instinto popular anda acertado ao afirmar que, com isto, tudo o que devia ser dito foi dito. Quando, depois de inúmeras vicissitudes, macho e fêmea finalmente se reúnem, sua função biológica foi cumprida e o interesse passa à geração vindoura. Mas estou deixando o meu leitor no escuro. Este livro consiste nas recordações que tenho de um homem com quem, em épocas muito espaçadas, tive íntimo contato; mas pouco sei do que lhe aconteceu nos intervalos. Creio que, recorrendo à imaginação, eu poderia preencher plausivelmente as lacunas e tornar mais coerente a minha narrativa; mas a tal não me sinto atraído. Quero unicamente relatar fatos de que tenho conhecimento.

W. Somerset Maugham
O Fio da Navalha
The Razor's Edge

somerset maugham

Isabel era moça alta, de rosto oval, nariz reto, olhos bonitos e lábios carnudos, traço este que parecia característico da família. Era bonita, se bem que ligeiramente inclinada à obesidade, o que se podia atribuir à idade; achei que afinaria quando ficasse mais velha. Tinha mãos boas, fortes, embora um pouco gordas; as pernas, que a saia curta deixava bem à mostra, eram também um pouco grossas. Tinha boa pele e o corado natural provavelmente estava agora acentuado pelo exercício e pela viagem de volta, em carro aberto. Era animada e viva. Sua exuberância, sua risonha alegria, o gosto pela vida, a felicidade que havia nela causavam prazer à gente. Sua naturalidade era tão grande que fazia com que Eliott, malgrado a sua elegância, parecesse espalhafatoso. Era tal o seu frescor, que a seu lado a Sra. Bradley, de rosto enrugado e pálido, parecia velha e cansada.

W. Somerset Maugham
O Fio da Navalha
The Razor's Edge

somerset maugham

Gray Maturin era mais vistoso que bonito. Tinha um ar rude, inacabado; nariz curto e chato, boca sensual e a pele corada dos irlandeses; grande quantidade de cabelos negros, bem lisos, olhos muito azuis sob as cerradas sobrancelhas. Embora de compleição tão robusta era muito bem proporcionado e, nu, devia ser um belo tipo de homem. Parecia ter muita força. Sua virilidade era impressionante. Fazia com que Larry, que estava sentado a seu lado e tinha somente três ou quatro polegadas menos que ele, parecesse insignificante.

W. Somerset Maugham
O Fio da Navalha
The Razor's Edge

segunda-feira, 9 de abril de 2007

poucos

os nossos poucos dias aqui na terra

somerset maugham

Portait of Somerset Maugham
by Graham Sutherland, Canterbury City Museum

somerset maugham

nunca havia lido nada de somerset maugham me parecia ser algum famoso autor norte-americano para mim sempre é nebulosa a distinção entre o que é norte-americano e o que é inglês para mim era algo como steinbeck hemingway quando fui no sebo (used books store) comprar livros visto que livros são muito caros e só compro os usados quando fui no sebo (used books store) comprar livros escolhi dessa vez um somerset maugham que se encontrava em uma pilha de dois livros por cinco reais mais barato do que caldo de cana estranho, e é isso que ocupa o pensamento, estranho ler um livro sem saber nada do autor e nada do livro geralmente a gente se orienta para escolher um livro nesse caso, era somente o nome somerset sem mais referência ninguna william somerset maugham the razor's edge o fio da navalha comecei o livro quando a gente eu começo um livro parece que procuro o personagem ao qual vou me agarrar com o qual vou me identificar o personagem no qual vou investir comecei o livro e ia pular o começo porque pensei que fosse prefácio pois o autor começa dizendo eu etc e tal e isso já é o livro pois o livro é em primeira pessoa vão surgindo personagens todos chatos coisa de riquinhos e me lembrava um livro de aldous huxley que nunca consegui terminar contraponto e é mesmo uma história sobre riquinhos

daí quando surge isabel eu sempre gosto de mulheres nos livros e na vida e isabel é uma moça bonita mas aí já estranhei ele somerset botando defeito na menina “tem as pernas muito grossas” mulher bonita não tem defeito homem não vê defeito em mulher não vê celulite estria nada botou defeito em isabel logo depois descrevendo gray maturin um jovem rapaz fala algo como “gray nu tomando banho, atraente, etc” eu disse esse cabra é homossexual e eu nem sabia não é difícil de ler somerset sabe contar a historinha não há nada muito enfadonho mas não é nada excepcional superficial superficial é a palavra para o livro todo tanto a personalidade de eliott, isabel e gray quanto a descrição das preocupações místicas de larry tudo superficial além de tudo só para implicar mais um pouco com o livro a busca de larry parece capricho e o fato dele ter uma renda fixa sem precisar trabalhar facilita a vida dele e a feitura do romance é capricho o rapazinho metido a triste e a filósofo que decide vou trabalhar em mina de carvão deusmelivreeguarde! agora em fazenda, agora vou pra índia agora vou ser motorista de táxi em noviorque

vai ver que larry tornou-se mais tarde robert de niro em taxi driver no fim depois de tudo fui procurar na wikipedia algo sobre somerset sei agora que era inglês e que não era apenas gay mas teve relacionamentos com homens e com mulheres