sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Kindred, Octavia E. Butler, 1979

Kindred, Octavia E. Butler, 1979, 424 páginas, tradução de Carolina Caires Coelho, Morro Branco. Início: 17/02/2021 – Fim: 25/02/2021. Nota 3 (Bom). 


Kindred é um famoso romance de viagem no tempo; foi isso que despertou meu interesse. Diz-se que é um livro de ficção científica porque tem a viagem no tempo. Não é bem assim, porque não tem nada de ciência: não tem uma máquina, um equipamento, um portal quântico, uma droga, nada. 

Aviso de spoiler: vou escrever sobre todo o enredo do livro, continue por sua conta e risco. 

A viagem no tempo é causada pela relação de parentesco entre Dana e Rufus. Rufus, senhor de escravos e Alice, uma escrava, terão uma filha, Hagar, que será a matriarca da família de Dana. Portanto, esta é uma viagem no tempo fantástica e não científica. É evidente que classificações não são importantes, o que importa é o prazer do leitor, e do escritor quando escreveu. 

Em compensação, esta viagem no tempo traz aquele elemento tradicional da ficção científica, o paradoxo: Dana é transportada para a época de Rufus sempre que ele está em risco de vida; se Dana deixar Rufus morrer antes que ele gere Hagar, a própria Dana poderia deixar de existir. 

Isso me deixou um pouco incomodado com o enredo. Prefiro pensar, dentro da ficção, que quando se altera o passado, cria-se uma nova linha do tempo. Para mim, se Dana deixa Rufus morrer – e ele não merece mesmo viver – haverá duas linhas do tempo: uma na qual Rufus não morreu e Dana existe, outra na qual Rufus morreu e Dana não existe. 

A própria situação é determinante: Dana existe, portanto é impossível que Rufus morra antes de gerar Hagar.

Todavia, sabe-se que a FC adota frequentemente a linha do paradoxo: se eu matar meu avô, vou desaparecer; se eu impedir meu pai e minha mãe de se conhecerem, vou deixar de existir. 

O medo permanente que Dana tem de apagar a existência de sua família e a sua própria faz com que ela se submeta, muitas vezes, aos caprichos de Rufus. Este rapaz é um personagem completamente antipático, não dá para gostar minimamente dele. 

Por outro lado, a gente torce por Dana, Kevin, Alice, Carrie, Nigel e Sarah. 

É um romance muito bom, instigante, o leitor quer acompanhar o enredo sem desgrudar do livro. As aventuras de Dana são perigosas, quase fatais. É um tema sumamente interessante: observar como uma mulher negra do século vinte vai conseguir sobreviver no século dezenove sob um sistema escravocrata. 

Cabe observar que, apesar da crueldade dos senhores de escravos retratada no romance, Dana “caiu” em uma propriedade menos sanguinária do que, como exemplo literário, aquela da “escrava Isaura”, na qual Leôncio, “desalmado, corrupto e libertino”, mandava matar por qualquer desagrado. 

Vale muito a pena ler este romance e dá vontade de conhecer outras obras da autora. E deu vontade de reler “A escrava Isaura”.


Resumo. 

Prólogo. Dana volta (de algum lugar) e ocorreu algum “acidente” no qual ela perdeu o braço esquerdo. Kevin, o marido, foi preso como suspeito e solto logo depois. 

O rio. Dana e Kevin organizam a casa nova. Dana é transportada para a margem de um rio. Salva o menino Rufus, quatro anos, de se afogar. É transportada de volta para casa. 

O incêndio. 

1. Dana temerosa. Acontece de novo. 

2. Ela foi transportada para o quarto de Rufus, ele está mais velho, oito anos. Ele inicia um incêndio que ela consegue debelar. Dana descobre que está em Maryland no ano de 1815. Rufus diz que Dana pode se abrigar com a mãe de Alice, uma negra livre. Dana acha que Rufus e Alice são seus ancestrais. 

3. Dana chega à casa de Alice. Capatazes brancos chicoteiam o pai dela e batem na mãe. 

4. Dana entra na casa da mãe de Alice. Ao sair, é pega por um capataz, apanha e vai ser estuprada quando começa a desaparecer. 

5. Em casa. Dana conta a Kevin o que aconteceu. Tentam entender. Ela acha que quando Rufus está em perigo a convoca. Estudam livros e mapas. 

A queda. 

1. Conta como Dana e Kevin se conheceram: subempregos e escritores iniciantes. 

2. Kevin amarra uma bolsa na cintura de Dana. Começa a acontecer de novo. Kevin se abraça com Dana e é transportado com ela. Rufus, doze anos, caiu de uma árvore, quebrou a perna. Eles tentam convencê-lo de que são do futuro. 

3. O pai de Rufus vai buscá-lo. Kevin e Dana se hospedam na fazenda dos Weylin, ela com os escravos. 

4. Dana aprende os serviços da cozinha. Médico conserta perna de Rufus. Kevin vai ser o preceptor do garoto. 

5. Vida na fazenda, Rufus de cama. 

6. Vida na fazenda. 

7. Vida na fazenda. 

8. Dana só pode ler para Rufus. É pega lendo e Weylin a chicoteia, ela desmaia. 

A luta. 

1. Casamento de Dana e Kevin. 

2. Dana machucada em casa. Ajuda de uma prima que pensa que Kevin a atacou. 

3. Rufus, dezenove anos, estuprou Alice (ou tentou) e está apanhando de Isaac. Kevin foi embora para o norte. 

4. Rufus com costelas quebradas. Dana vai chamar Weylin. 

5. Dana, Nigel e Weylin levam Rufus para casa. 

6. Dana cuida de Rufus, costelas quebradas. É evidente que Rufus é mal e não merece qualquer ajuda. 

7. Alice e Isaac foram capturados e torturados. Rufus comprou Alice ferida, meio morta. 

8. Dana escreve carta para Kevin. Dúvidas se Rufus colocou a carta no correio. 

9. Alice começa a se recuperar com os cuidados de Dana. 

10. Alice descobre sua nova situação de escrava. Dana escreve outra carta. 

11. Rufus quer Alice. Dana mostra a Alice que ela está em situação difícil. 

12. Alice cede a Rufus. Dana descobre que suas cartas não foram enviadas. Foge, é recapturada, chutada, perde dois dentes. 

13. Dana é levada de volta para a fazenda e é chicoteada até desmaiar. Grande amiguinho Rufus! 

14. Foi Liza quem denunciou a fuga. Carrie, Alice e Sarah aplicaram uma surra em Liza. 

15. Weylin escreveu para Kevin avisando da volta de Dana. 

16. Kevin chega para buscar Dana. Estão indo embora, Rufus não quer deixar e vai atirar. 

A tempestade. 

1. Em casa. Kevin se sente estranho na casa depois de cinco anos no passado. No dia seguinte, Dana é novamente transportada. 

2. Durante uma tempestade, Rufus está se afogando em uma poça, bêbado. 

3. Rufus doente, Dana cuida dele. 

4. Weylin sofre uma parada cardíaca, Dana tenta a ressuscitação, não consegue. Rufus culpa Dana pela morte do pai. 

5. Dana é levada para trabalho pesado e chicotadas nos campos. 

6. Rufus se arrepende e leva Dana de volta para a casa. 

7. Dana faz companhia a Margaret Weylin. Rufus vende Tess e outros negros. 

8. Dana percebe que se Rufus morresse, todos seriam vendidos. 

9. Rufus vendeu escravos porque o pai deixou dívidas. Dana passa a cuidar da correspondência dele. 

10. Alice grávida, Rufus vê Dana e Alice como uma única mulher. 

11. Festas de colheita e Natal. Um escravo, Sam, demonstra interesse por Dana. Rufus tem ciúme de Dana e interesse sexual. Alice planeja fugir depois do parto. Dana ensina as crianças a ler. 

12. Alice tem uma menina, Hagar, que vai ser a ancestral da família de Dana. 

13. Sam procura Dana para que ensine os irmãos dele também. Rufus vende Sam, com ciúme. Dana corta os pulsos. 

A corda. 

1. Dana em casa. Kevin conseguiu um médico para cuidar de Dana sem ir a hospital. Kevin diz que Dana tem que matar Rufus. 

2. Dana passa quinze dias em casa. 

3. Dana volta ao passado. Alice se enforcou. Ela havia tentado fugir e foi recapturada. Rufus disse a ela que vendeu os filhos, mas apenas os tinha mandado para a casa da tia em Baltimore. 

4. Rufus assina a alforria dos filhos e os traz de volta para casa. Ele quer viver com Dana. Ele a assedia e ela o mata com facadas. É transportada de volta para casa, mas Rufus segura o braço dela e ela perde o braço. 

Epílogo. 

Dana e Kevin viajam para Maryland, depois que ela melhorou. Conseguem descobrir que houve um incêndio no qual Rufus morreu. Dana acredita que Nigel provocou o incêndio para que não se descobrisse o assassinato. Os escravos foram todos vendidos.

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Noite na taverna, Álvares de Azevedo, 1855

Noite na taverna, Álvares de Azevedo, 1855, 73 páginas, Ediouro. Início: 17/02/2021 – Fim: 20/02/2021. Nota 1 (escala de 1 a 5). 



 

Aviso de spoiler: vou escrever sobre todo o enredo do livro, continue por sua conta e risco. 

Já que estava lendo livros de horror da era vitoriana, peguei esse, por curiosidade. Péssimo. Histórias repletas de absurdos, feitas para escandalizar, mas sem qualidade. Os temas são necrofilia, adultérios, defloramento de virgens, rapto, antropofagia, fratricídio, incesto. 

Um grupo reunido em uma taverna, conta histórias infames, regadas a vinho. A primeira história é sobre necrofilia: homem encontra um caixão com o cadáver de uma bela mulher dentro de uma igreja vazia e faz sexo com o cadáver. Depois do sexo, percebe que a mulher voltou a respirar. Leva-a para casa e ela morre dois dias depois. 

A segunda história é absurda demais, mistura adultérios, defloramento de virgens, venda de mulheres, piratas e antropofagia; cena curiosa acontece quando uma adúltera chama o amante para sua casa e mostra que degolou o marido (faz lembrar Judite e Holofernes) e também matou o próprio filho (ecos de Medeia). 

A terceira história: um aluno de pintura seduz a filha do mestre, de 15 anos, e a segunda esposa do pintor, de 20 anos. A adolescente fica grávida, faz um aborto e morre. O pintor tenta matar o aluno, e depois se mata com a esposa. 

A quarta história: um homem consegue entrar no quarto de uma duquesa, casada, drogá-la e fazer sexo com ela diversas noites, sem ninguém perceber. Um dia, sequestra a duquesa que, desonrada, é obrigada a viver com ele, pois “o marido não a aceitaria de volta” (!). Tempos depois, o marido a encontra e a mata. 

Quinta história: um homem enfrenta um jovem em duelo. Mata-o e vai a um encontro que o morto havia marcado. Chegando lá, no escuro, faz sexo com uma deliciosa virgem. Na saída, mata um homem que tentava detê-lo. Descobre que o homem era seu irmão e a virgem, sua irmã. 

No epílogo, a irmã desonrada, agora uma prostituta, entra na taberna e mata o irmão que a desonrou. O jovem que fora morto em duelo não morrera e está também na taverna. O casal morre junto. 

O prefácio é tão absurdo e terrível quanto a novela: diz que o autor era um gênio, que o livro é excepcional. A novela mostra que o homem é agredido e perturbado pelo demônio por meio do amor da mulher. Diz que o homem é o ser fraco. 

Coleção de absurdos: a mulher, neste livro é drogada, estuprada, desvirginada, assassinada, vendida, prostituída, raptada, mas o homem é “o ser fraco”.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Pequeno-burgueses, Maksim Górki, 1902

Pequeno-burgueses, Maksim Górki, 1902, 190 páginas, tradução de Lucas Simone, Hedra. Início: 14/02/2021 – Fim: 17/02/2021. Nota 2.


 

Aviso de spoiler: vou escrever sobre todo o enredo do livro, continue por sua conta e risco.

 

Esta peça de Górki ficou famosa em sua época, todavia hoje penso que perdeu impacto e relevância.

 

Em quatro atos, a peça conta alguns dias na vida de uma família comum em uma cidade de província. O pai e a mãe não compreendem as atitudes dos filhos. Os filhos se consideram mais inteligentes e atualizados que os pais. A casa é cheia de gente, filhos, agregados, pensionistas, conhecidos. As brigas e discussões são constantes.

 

Parece “A grande família” ou “Sai de baixo” ou “Vai que cola”, sem o humor, somente com as brigas.

 

Além da incompreensão mútua entre quase todos os personagens, o fio de enredo é o seguinte: Tatiana, 28 anos, professora, insatisfeita, passou da idade de casar, gosta de Nil, 27 anos, maquinista de trem, agregado e “filho adotivo” da família. Nil gosta de Pôlia, 21 anos, costureira, e a pede em casamento. Piôtr, irmão de Tatiana, 26 anos, ainda estudante que foi expulso da universidade, insatisfeito, sem rumo, gosta da viúva e festeira Eliêna, 24 anos. Ele receia se comprometer com uma viúva alegre e os pais seriam contra.

 

Resultado: Tatiana, ao saber do compromisso entre Nil e Pôlia tenta um ineficaz suicídio: engole amoníaco e nada resulta disso. Tatiana fica pelos cantos. Piôtr enfim rebela-se e diz que vai morar com Eliêna.

 

Isso acontece no meio de brigas e gritos e discussões.

 

Górki pretendia a crítica da pequena burguesia, ou seja da classe média. Ou seja, nas palavras dele, “destruir os pontos de vista já estabelecidos sobre a vida e as pessoas”. Todavia, o enredo, hoje, é atual e defasado ao mesmo tempo. Atual porque pais e filhos sempre irão ter atritos e certo nível de incompreensão mútua. Defasada porque dificilmente haveria problemas em um filho casar com uma viúva; Tatiana poderia ficar amuada pelos cantos ao ser rejeitada, mas ter 28 anos, ser professora e não ser casada é até motivo de orgulho, hoje.

 

Ah, a gente poderia dizer: Shakespeare, por exemplo, é totalmente anacrônico, nem existem mais reis e príncipes, batalhas e castelos e bruxas. Mas Shakespeare e Eurípides conseguem ser ainda atuais porque as questões inseridas nas peças deles são universais: amor intenso, traição, fúria, loucura, suicídios, assassinatos por ambição e por vingança, e assim por diante.

 

Ao retratar brigas comezinhas no interior de uma família, Górki não alcança profundidade e perenidade.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

A outra volta do parafuso, Henry James, 1898

A outra volta do parafuso, Henry James, 1898, 199 páginas, tradução de Paulo Henriques Britto, Penguin Companhia. Início: 08/02/2021 – Fim: 13/02/2021. Nota 2. 



Aviso de spoiler: vou escrever sobre todo o enredo do livro, continue por sua conta e risco.

Lendo por curiosidade mais este conto vitoriano da época de Drácula, Dorian Gray, Jekyll e Hyde. 

Enredo.

Um grupo está reunido para contar histórias de terror na época do Natal. Douglas diz que tem a melhor história. Ele lê o manuscrito que lhe foi deixado por uma conhecida. 

Na juventude, ela foi contratada para ser governanta e professora de duas crianças na propriedade Bly, interior da Inglaterra. 

As crianças são maravilhosas e extraordinárias: Miles, dez anos, e Flora, oito anos. Porém, a professora começa a ver aparições, um homem e uma mulher. Descobre que os fantasmas são semelhantes a ex-professora e a um criado, ambos mortos recentemente. Enquanto vivos, o casal manteve relações “infames” entre si e relações “perturbadoras” com as crianças. 

A governanta acha que os fantasmas querem as crianças mortas, para si. Tenta salvar as crianças dos fantasmas. Manda a menina embora da propriedade. Fica na casa com o menino, mas o menino morre, de terror ou de susto. 

Parece simples, mas não é. 

Anotações. 

1 – Henry James, no prólogo no qual Douglas introduz a história do manuscrito, faz com que o leitor adquira confiança na narradora, a jovem professora e governanta. Douglas a conheceu muito tempo depois dos fatos narrados, uma mulher extraordinária e digna. Essa confiança que James instila no leitor é um truque. A narradora é realmente confiável? Há realmente fantasmas na propriedade? 

2 – Bem, fantasmas não existem. Mas estamos lendo uma história de fantasmas. A narradora diz que vê os fantasmas. Acreditando nela ou não, a história é repleta de estranheza e perversidade. 

3 – O criado Peter Quint e a professora anterior, senhorita Jessel, eram “infames”. Observe-se que a literatura da era vitoriana, sugere, mas não usa as palavras “sujas”. Quint e Jessel mantinham um relacionamento sexual, amoroso, apesar de serem de classes diferentes. Uma dupla infâmia, não respeitar a casa e unirem as classes. A terceira infâmia, e monstruosidade: Quint passava longos períodos com o menino e Jessel com a menina. É evidente que Quint abusava sexualmente do menino, com a complacência de Jessel. Talvez a menina também fosse abusada, pela professora, por Quint, ou ambos. 

4 – A senhorita Jessel sai de férias e morre, não se sabe de quê. Quint, bêbado, sofre um acidente e morre. 

5 – A narradora diz que vê os fantasmas e deduz que eles querem as crianças. Os fantasmas querem as crianças para que elas os acompanhem na pós-vida de tormentos. 

6 – O menino foi expulso da escola e, era vitoriana, o diretor não disse o motivo. A narradora descobre, a muito custo, o motivo: o menino “disse coisas” aos colegas, não a todos, apenas àqueles de quem ele gostava. É evidente que essas “coisas” são de ordem sexual, e derivadas dos abusos que sofria. 

7 – Somente a narradora afirma ver os fantasmas. Durante uma aparição de Jessel, a senhora Grose, a criada mais antiga, diz que não vê, bem como a menina Flora. 

8 – Flora adquire aversão à narradora, depois desse episódio da aparição em que a narradora a pressionou para dizer o que via. No entanto, para a senhora Grose, a menina usou de um linguajar pavoroso. Esse “linguajar” pode derivar também dos abusos que a menina sofria, ou do que o irmão contava a ela. 

9 – A narradora mente para a senhora Grose: houve mais uma aparição da senhorita Jessel e a narradora disse que a fantasma falou com ela, o que não ocorreu. 

10 – Fantasmas não existem na vida real. Portanto, a narradora é louca. Ou é uma mulher ansiosa por atenção, que foi ignorada pelo homem extraordinário que a contratou. Essa narradora percebeu a estranheza da situação, os possíveis abusos sofridos pelas crianças, a monstruosidade e inventou os fantasmas, conscientemente, para se dar importância, para chamar atenção do “patrão”, tio e tutor das pobres crianças. Ou sua imaginação fértil, ou sua leve insanidade, a fizeram ver as aparições. 

11 – Neste sentido, a professora louca pressionou tanto o menino para saber o que realmente acontecera, assustou tão imensamente o menino que ele não resistiu e morreu. 

12 – O menino não fala de fantasmas. Mesmo sutil, as falas do menino remetem a sexo: “a senhora sabe o que um garoto quer”. A narradora, completamente insana, compara o fato de ficar a sós com o menino com uma noite de núpcias. 

13 – Considerar que fantasmas existem, naquela história, não muda muito. A narradora nutre uma paixão imensa e não correspondida pelo “patrão”. Enfrentar os fantasmas é uma forma de corresponder ao que o patrão espera dela e se engrandecer aos olhos dele, um dia. Fantasmas existem e as crianças foram abusadas por pessoas vivas e pelos fantasmas dessas mesmas pessoas. Os fantasmas venceram, o menino morreu. A menina foi levada embora, mas há limites geográficos para fantasmas? 

14 – O livro termina de forma abrupta, com a morte do garoto. Ora, a morte de um menino nas mãos de uma professora não é algo que fosse de fácil resolução. O tio deveria ser comunicado e participar profundamente da investigação. O livro sequer volta para a reação daquele grupo que escuta a história. 

15 – Henry James recheou o estilo da professora de frases rebuscadas, ninhos de frases, umas dentro das outras, sem acrescentar nada ao sentido. O texto da narradora é tedioso e difícil, muitas vezes. As crianças são magníficas, extraordinárias, as mais belas, as mais perfeitas. Indício da insanidade da narradora? Não existem crianças assim. 

16 – Enfim, uma novela que dá o que pensar, mas que não é bem resolvida e, em grande medida, desagradável de ler pelo rebuscamento e por tudo que se esconde atrás de “infâmias” e “monstruosidades”. 

Resumo dos capítulos. 

Começa com um prólogo. Um grupo de amigos se reúne para contar e ouvir histórias fantásticas. Douglas diz que tem uma das melhores. É um manuscrito que lhe foi entregue por uma governanta, dez anos mais velha do que ele. Na juventude, ela foi contratada para cuidar de duas crianças no interior da Inglaterra. 

Capítulo 1. 

Começa a leitura do manuscrito. A narradora é uma jovem professora. Ela chega à propriedade Bly para ser a governanta e preceptora das crianças. 

Capítulo 2. 

As crianças são Flora e Miles. Ele foi expulso da escola, não se sabe o motivo. A governanta anterior saiu de férias e morreu. 

Capítulo 3. 

A narradora vê um homem no topo de uma das torres da casa. Primeira aparição do homem. 

Capítulo 4. 

A narradora vê em uma janela o mesmo homem olhando para dentro da casa. Ela sai para falar com o homem, não há ninguém. Segunda aparição. 

Capítulo 5. 

Pela descrição que a narradora faz do homem, a senhora Grose diz que deve ser Peter Quint, que foi criado do patrão e já morreu. O fantasma estava procurando por Miles. 

Capítulo 6. 

Quint mandava em tudo na casa, inclusive nas crianças. Comportamento suspeito com as crianças. A narradora e a menina no lago: o fantasma de uma mulher. Primeira aparição da mulher. 

Capítulo 7. 

Era o fantasma da senhorita Jessel, a governanta anterior, mulher infame, mantinha relações com o criado Quint. As crianças também veem os fantasmas, mas disfarçam, de acordo com a narradora. 

Capítulo 8. 

O menino ficava com Quint, a menina com Jessel. 

Capítulo 9. 

Terceira aparição de Quint, no patamar da escada. 

Capítulo 10. 

Segunda aparição da senhorita Jessel, no primeiro degrau da escada. O menino fora de casa durante a madrugada. 

Capítulo 11. 

O menino diz que saiu de madrugada porque é mau. 

Capítulo 12. 

A narradora acha que os fantasmas querem as crianças; querem que as crianças morram para ficar com os fantasmas. 

Capítulo 13. 

A narradora acredita que as crianças veem constantemente os fantasmas e até obedecem a eles. 

Capítulo 14. 

Conversa estranha com o menino; subentendidos. O menino quer saber se o tio sabe a “vida que ele está levando”. 

Capítulo 15. 

Terceira aparição da mulher, sala de estudos. 

Capítulo 16. 

A narradora mente e diz à senhora Grose que a aparição falou. 

Capítulo 17. 

Nova conversa estranha com o menino. 

Capítulo 18. 

O menino distraiu a narradora com música e a menina saiu da casa. 

Capítulo 19. 

A narradora e a senhora Grose encontram a menina do outro lado do lago. 

Capítulo 20. 

A narradora vê o fantasma da senhorita Jessel. A menina e a senhora Grose afirmam não estar vendo nada. 

Capítulo 21. 

A menina não quer ver a narradora nunca mais e usa de linguajar pavoroso. Após combinar com a narradora, a senhora Grose vai embora da propriedade com a menina. 

Capítulo 22. 

O menino percebe que ficou apenas com a narradora, na casa (e os criados, que não contam). Como um casal em núpcias, enfim sós. Muito estranho. 

Capítulo 23. 

A narradora insiste com o menino para saber o motivo da expulsão da escola. 

Capítulo 24. 

O menino conta que “disse umas coisas” para outros meninos, apenas de quem ele gostava. A tensão cresce; narradora diz que está vendo Quint na janela e quer obrigar o menino a olhar. O coração do menino para, ele morre.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Vida querida, Alice Munro, 2012

Vida querida, Alice Munro, 2012, 316 páginas, tradução de Caetano Galindo, Companhia das Letras. Nota 3 (escala de 1 a 5).



Releitura. Boa parte dos contos traz um final aberto. Isso incomoda. Munro poderia ter dado um acabamento melhor. Muita vez parece que a autora não soube concluir. Ou quer que o leitor fique com material para pensar, elaborar, tecer futuros possíveis. Sou preguiçoso, quero que me contem tudo. 

São histórias melancólicas, por vezes tristes, culpas antigas, vidas que seguem, que tentam seguir. Muitos personagens querem apenas ser deixados em paz com seus defeitos, suas culpas. A vida vai continuando apesar dos erros e desejos, tudo passa. 

Breve resumo de cada conto. 

Que chegue ao Japão. Um bom conto, mas o final fica em suspenso. Greta é poeta, o marido é engenheiro. Greta vai de Vancouver a Toronto de trem, conhece um jovem no trem. Em Toronto, mora um homem pelo qual ela tem interesse. 

Amundsen. A jovem professora vai trabalhar em um sanatório para doentes de tuberculose. Ela é pedida em casamento pelo médico que administra o lugar. Final melancólico com certa dose de dúvida. 

Deixando Maverley. Bom. A vida do casal Ray e Isabel segue em paralelo com a vida da jovem Leah. Esta toma decisões inusitadas, que são acompanhadas de longe pelo casal. Há um pouco de ciúme de Isabel, lá longe. O final parece indicar o início de uma nova história. 

Cascalho. A mãe se envolve com teatro, abandona o pai e a vida confortável, e leva os dois filhos. Uma tragédia com a filha mais velha. Feridas permanentes em todos, especialmente no irmão mais novo. Culpa perpétua? 

Recanto. Irmãos: um médico e uma violinista. O médico é um cara rigoroso, autoritário, e parece odiar a irmã que optou pela leveza da arte. 

Orgulho. Um rapaz que teve lábio leporino. Uma moça que foi de família rica. Vidas paralelas que se tocam, mas a moça insiste em um contato mais profundo. O rapaz não quer mudanças em sua vida metódica. 

Corrie. Um bom conto, muita melancolia e certa raiva ao final. Howard, um crápula, engana Corrie, sua amante, durante anos, por meio de uma falsa chantagem. 

Trem. Muito bom. Jackson volta da guerra, mas evita sua cidade natal e a namorada. Instala-se em uma fazenda que pertence à Belle. Anos depois foge de Belle. Depois disso, mais uma fuga. O leitor descobre, com sutileza da autora, os motivos de Jackson. 

Com vista para o lago. É meio uma fantasia, uma rememoração fantasiosa de um episódio, ou com lacunas, por parte de uma mulher que deve estar com demência. Dá agonia e impaciência. Triste. 

Dolly. Bom. Um casal de velhos ativos, ele poeta. Uma antiga namorada que surge, um equívoco, suspense e angústia e o esclarecimento. 

Finale. A autora diz que nesta parte não há “exatamente contos”. São recordações mais ou menos autobigráficas, episódios de infância e começo da adolescência. 

O olho. A criança vai com a mãe ao velório da jovem que cuidava dela. A narradora vê o movimento quase imperceptível do olho da moça morta; um aceno só para ela, a criança. 

Noite. Noites de insônia da menina, pensamentos maus, a casa e os arredores na escuridão. 

Vozes. A menina e a mãe comparecem a um baile na casa de um vizinho e retiram-se às pressas porque uma prostituta também foi ao baile. 

Vida querida. Recordações da casa da família, afastada do centro da cidade, no limite entre campo e cidade. O rigor da mãe, os castigos, a mãe acometida do mal de Parkinson.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

A fazenda dos animais, George Orwell, 1944

A fazenda dos animais, George Orwell, 1944, 133 páginas, tradução de Paulo Henriques Britto, Penguin Companhia. Início: 08/02/2021 – Fim: 10/02/2021. Nota 3. 



Aviso de spoiler: vou escrever sobre todo o enredo do livro, continue por sua conta e risco. 

Releitura nesta nova tradução e com título modificado; era “A revolução dos bichos”. 

Em uma fazenda da Inglaterra, os animais se rebelam e expulsam os humanos. Institui-se um sistema de autogoverno, tudo é de todos e para todos. Todavia, os porcos, que são os animais mais inteligentes e espertos, logo começam a acumular privilégios. Com o uso da propaganda e do terror, imposto por cães ferozes a serviço dos porcos, a fazenda evolui, mas a vida dos animais continua na mesma ou piora. 

A novela é uma fábula, os animais falam, usam ferramentas, conseguem se comunicar com os humanos e até conviver com eles em igualdade, sem causar espanto. 

Sim, é evidente que Orwell quis retratar a ilusão do comunismo na União Soviética. Mas a novela transcende esse objetivo e expõe como funciona qualquer tipo de totalitarismo, bem como a ingenuidade da população frente à propaganda dos líderes e governos. 

O personagem mais instigante é o burro Benjamim, completamente cético. Ele é o animal mais velho, mais mal-humorado; sarcástico, jamais ria porque não via motivo para rir. Benjamim não mudou com a rebelião: não fugia do trabalho, mas nada de hora extra. Jamais manifestava opinião sobre a rebelião. Benjamim “sabia que as coisas nunca foram, nem jamais viriam a ser, muito melhores, nem muito piores – a fome, as privações e as decepções constituíam a imutável lei da vida.” 

Benjamim faz pensar em Medeia, que diz “Viver é ter desgostos e eles não nos faltam.” 

O prefácio cita um trecho de Orwell sobre o totalitarismo: 

“Do ponto de vista totalitário, a história é algo a ser criado, em vez de aprendido. Um Estado totalitário é, na realidade, uma teocracia, e sua casta dominante, para manter sua posição, deve ser considerada infalível. [...] O totalitarismo requer, de fato, a alteração constante do passado, e a longo prazo requer provavelmente a descrença na própria existência da verdade objetiva.” 


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Resumo. 

 

Capítulo 1.

 

O velho porco Major reúne os animais para fazer um discurso: os homens exploram os animais, os animais devem se unir e fazer, um dia, uma rebelião.

 

Capítulo 2.

 

O Major morreu. Os líderes são os porcos Bola de Neve, Napoleão e Guincho. Jones chega bêbado, os animais estão sem ração e acontece a rebelião; Jones é expulso.

 

Capítulo 3.

 

Os animais cuidam da colheita, da alfabetização, leis, comitês e privilégios para os porcos.

 

Capítulo 4.

 

Espalha-se a fama da fazenda. Jones e outros fazendeiros invadem a fazenda e são derrotados.

 

Capítulo 5.

 

Napoleão, auxiliado por cães treinados, dá um golpe e expulsa Bola de Neve. Não há mais debates. O burro Benjamim é um maravilhoso cético. Guincho cuida da propaganda e da alteração do passado.

 

Capítulo 6.

 

As leis mudam gradativamente. Comércio com humanos. O moinho cai com a tempestade, culpa do traidor Bola de Neve.

 

Capítulo 7.

 

Animais traidores são executados.

 

Capítulo 8.

 

Moinho fica pronto. Ataque de fazendeiros que explodem o moinho. Porcos consomem álcool.

 

Capítulo 9.

 

Vida boa para os porcos e cães, vida duríssima para os animais. Guerreiro não suporta mais e cai, doente. É vendido para o matadouro. Parte mais triste.

 

Capítulo 10.

 

Passam os anos, novos animais, poucos sobreviventes. Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que os outros. Porcos andam em pé e usam chicotes. Confraternização entre porcos e humanos.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

O conto da aia, Margaret Atwood, 1985

O conto da aia, Margaret Atwood, 1985, 368 páginas, tradução de Ana Deiró, Rocco. Início: 31/01/2021 – Fim: 08/02/2021. Nota 4.



Aviso de spoiler: vou escrever sobre todo o enredo do livro, continue por sua conta e risco. 

Releitura desse magnífico romance distópico. 

O livro foi escrito em 1985 e ganhou ainda mais destaque a partir de 2016 por conta de uma série de televisão nele baseada. 

A história é narrada em primeira pessoa por uma das aias, da qual nunca saberemos o nome verdadeiro. O enredo trata de uma distopia (lugar ou estado imaginário em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação; antiutopia, Houaiss). Gosto de livros que falam de distopias; nosso próprio planeta é uma distopia que não percebemos. 

O livro retrata um lugar que era os Estados Unidos e que, na época dos acontecimentos, é um autoritarismo teocrático denominado República de Gilead. As informações nos são passadas, aos poucos, pela narração da Aia, e apreendemos de forma fragmentada a situação e como tudo começou. 

Houve uma epidemia de infertilidade, nasciam pouquíssimas crianças, houve um golpe de estado, o presidente e o congresso foram eliminados, bem como a Constituição. Implantou-se um governo autoritário e teocrático inspirado parcialmente na Bíblia. Parcialmente, porque o governo proíbe o acesso à Bíblia e aos livros, e distorce as referências da forma mais adequada ao sistema. 

Todas as mulheres perderam seus direitos. As mulheres jovens e férteis foram recrutadas para os serviços de reprodução da nova classe dirigente. O antigo país está dividido e há algumas guerras. A elite dirigente usa um sistema de Olhos, um tipo de espionagem semelhante aos sistemas nazistas e soviéticos. 

A Aia Offred, que narra a história, teve sua união anterior declarada ilegal, foi separada do companheiro e da filha. Depois de reeducada, está a serviço, sexual, reprodutivo, de um Comandante e sua Esposa, membros da alta classe governamental. 

É um livro muito bom, bem escrito, longo mas não cansativo, um livro que faz pensar. Uma falha do livro é o apêndice, denominado “Notas históricas” que dá algumas informações extras sobre o processo de desintegração social e cultural da época da aia. Penso que é apêndice desnecessário, a história é rica em si mesma, não necessitava desse tipo de “explicação”. Ademais, há um tom de brincadeira no apêndice que não combina com a densidade do romance. 

Cabe observar que Margaret Atwood homenageia e faz referências às três distopias mais famosas: “Fahrenheit 451”, “1984” e “Admirável mundo novo”. 

Vale a pena ler e reler.

Resumo.

Epígrafe: Gênesis, 30:1-3. 

Raquel, vendo que não dava filhos a Jacó, tornou-se invejosa de sua irmã Lia e disse a Jacó: “Faze-me ter filhos também, ou eu morro.” Jacó se irou contra Raquel e disse “Acaso estou eu no lugar de Deus que te recusou a maternidade?” Raquel retomou: “Eis minha serva Bala. Aproxima-te dela e que ela dê à luz sobre meus joelhos por ela também eu terei filhos!” Raquel deu a Jacó, pois, como mulher, sua serva Bala e Jacó uniu-se a ela. Bala concebeu e deu à luz um filho para Jacó.” 

Capítulo 1. 

A narradora está presa com outras mulheres em um ginásio esportivo, vigiado por soldados. 

Capítulo 2. 

A narradora descreve o quarto que ocupa, as roupas vermelhas, a touca branca. Desce, vai a cozinha na qual trabalham as Marthas (que se vestem de verde); são duas naquela casa, Rita e Cora. As Esposas se vestem de azul. Ela pega os vales de compras. 

Capítulo 3. 

Ela se recorda de quando chegou nesta casa. A Esposa do Comandante é Serena Joy; ela a via na televisão antes, Serena cantava em programas religiosos. 

Capítulo 4. 

Ela sai de casa. O motorista pisca o olho para ela, o que é proibido. Encontra-se com a parceira de compras, Ofglen. Dirigem-se ao centro, passam a barreira de controle. 

Capítulo 5. 

Estamos na República de Gilead, que está envolvida em diversas guerras com os vizinhos. Há Econoesposas, mulheres que fazem todas as funções, aia, esposa e Martha. Na loja, entra uma grávida, está se exibindo. É Ofwarren. A narradora a conhece do tempo da reeducação, é Janine. Ela está giganorme. A narradora recorda quando tinha uma casa, um marido, uma filha. Passam turistas japoneses, gente normal. 

Capítulo 6. 

A narradora e Ofglen passam perto da igreja desativada e do Muro. Há seis corpos pendurados, médicos fazedores de anjos. O testemunho de uma única mulher não vale (Deuteronômio). 

Capítulo 7. 

Recorda-se de Moira, tempo da faculdade. Recorda-se da mãe e um grupo de mulheres queimando livros, quando ela era criança. Pergunta-se se aquilo é uma história que ela está contando, se é uma história na cabeça dela, se é real. 

Capítulo 8. 

Há três corpos no Muro, um padre e dois homossexuais. Recorda do marido, Luke e da filha. O motorista fala com ela, é proibido. Recorda que houve atentados contra a vida de Serena Joy. O Comandante estava na porta do quarto dela. 

Capítulo 9. 

A moça que ocupou o quarto antes deixou uma frase escrita no armário: “nolite te bastardes carborundum”. Não permita que os bastardos te esmaguem, não permita que os bastardos te reduzam a cinzas. 

Capítulo 10. 

Canta “Amazing grace” e uma música de Elvis Presley. Recorda de Moira, Tia Lydia, e assassinatos de mulheres no tempo de antes. 

Capítulo 11. 

Médico. Ele a assedia, sugere fazerem sexo, o Comandante não saberia de quem seria o filho. Perigo. 

Capítulo 12. 

Banho, recorda da filha bebê, uma mulher tentou roubar a filha dela no supermercado. Ela foi separada da filha. A menina deve ter oito anos. 

Capítulo 13. 

Espera, lavada e alimentada como um porco. Recorda quando Moira chegou no centro de treinamento. A narradora tentou fugir com a filha, no tempo de antes, mas foi capturada.

 

Capítulo 14.

 

Todos na sala para a Cerimônia. A tevê mostra que Gilead está em guerra “em vários lugares ao mesmo tempo”. O nome da narradora em Gilead é Offred. Recorda a tentativa de fuga de carro, com Luke e a menina, em direção à fronteira.

 

Capítulo 15.

 

O Comandante lê Gênesis, capítulo 30, Raquel e Lia. Moira planeja fugir do centro, faz a tentativa, apanha, volta com os pés massacrados.

 

Capítulo 16.

 

A Cerimônia continua no quarto. Ela deitada entre as pernas de Serena Joy, o Comandante faz o serviço.

 

Capítulo 17.

 

Noite, sente vontade de roubar algo, desce à sala, escuridão, Nick a encontra: o Comandante quer falar com ela amanhã no escritório.

 

Capítulo 18.

 

Não sabe o que pode ter acontecido com Luke, morto? Há resistência?

 

Capítulo 19.

 

O Partomóvel vermelho vai buscar as aias para um parto, é de Ofwarren, Janine. Somente um entre quatro bebês nascem sem defeitos, o resto é descartado. Médicos não são permitidos: filhos com dor, Gênesis. Partomóvel azul para as esposas.

 

Capítulo 20.

 

As aias no quarto com Janine, Tia Elizabeth também. Em um dos filmes que exibiam no centro, a mãe dela, a favor do aborto, jovem. A mãe, mais velha, visitando a casa da narradora.

 

Capítulo 21.

 

Cânticos. Aproxima-se o parto, chamam a esposa, uma cadeira acomoda a esposa e a aia, simulação de parto para a esposa. Nasce o bebê de Janine, é entregue para a esposa.

 

Capítulo 22.

 

Certo dia, Moira conseguiu fugir do centro.

 

Capítulo 23.

 

Escritório do Comandante para jogar e dar um único beijo, como se quisesse.

 

Capítulo 24.

 

Offred volta para o quarto e dorme no chão.

 

Capítulo 25.

 

Visitas noturnas ao Comandante. Consegue uma loção para as mãos.

 

Capítulo 26.

 

Na noite da Cerimônia, há, agora, vergonha, sentimentos estranhos. Offred se sente a amante do Comandante.

 

Capítulo 27.

 

Ofglen iniciou uma conversa proibida. Ela fala em “nós”, como algum tipo de organização.

 

Capítulo 28.

 

Offred recorda como tudo começou: assassinato do presidente e congressistas. Mulheres relegadas a apêndices do marido; ela perdeu emprego e conta de banco.

 

Capítulo 29.

 

O Comandante diz a Offred o significado da frase em latim. A moça anterior esteve com o Comandante também; ela se matou.

 

Capítulo 30.

 

Pensa em suicídio, recorda da gata e de como Luke deu um jeito nela antes da fuga.

 

Capítulo 31.

 

Ofglen diz que a senha é Mayday. Serena combina com Offred que ela tente engravidar de outro homem, Nick.

 

Capítulo 32.

 

Conversas com o Comandante.

 

Capítulo 33.

 

Cerimônia de Rezavagância.

 

Capítulo 34.

 

Ainda a Rezavagância, que é um casamento coletivo.

 

Capítulo 35.

 

Tentativa fracassada de fuga com Luke e a menina, no passado. Serena Joy mostra uma foto da filha de Offred.

 

Capítulo 36.

 

O Comandante a leva para sair, com roupa de lantejoulas e a capa de Serena Joy.

 

Capítulo 37.

 

Casa de Jezebel: um hotel, com prostitutas, frequentado pelos Comandantes e elite de Gilead. Vê Moira.

 

Capítulo 38.

 

Moira, depois de fugir, passou meses escondida pela Rota Clandestina Feminina, até que foi descoberta e presa. Deram-lhe a opção da Casa de Jezebel.

 

Capítulo 39.

 

No quarto do hotel com o Comandante. Recorda quando a mãe sumiu. Moira disse ter visto a mãe dela em um filme sobre as Colônias.

 

Capítulo 40.

 

Serena Joy facilita para que ela encontre Nick no quarto dele, isolado da casa.

 

Capítulo 41.

 

Ela visita o quarto de Nick diversas vezes.

 

Capítulo 42.

 

Cerimônia de Salvamento: duas Aias e uma Esposa são enforcadas.

 

Capítulo 43.

 

Cerimônia de Particicução: as Aias despedaçam um Guardião com as mãos e a fúria de bacantes. O cara era da Mayday, de acordo com Ofglen.

 

Capítulo 44.

 

Há uma nova Ofglen. A Ofglen anterior enforcou-se viu a caminhonete dos Olhos chegando para buscá-la.

 

Capítulo 45.

 

Serena Joy descobriu que Offred usou a capa e a roupa de lantejoulas, e saiu com o Comandante.

 

Capítulo 46.

 

Offred espera alguma punição, pensa em suicídio. Nick vai ao quarto dela e diz que é Mayday; ela deve fugir na caminhonete dos Olhos. Serena Joy não chamou os Olhos. O Comandante já fica indiferente. Offred entra na caminhonete sem saber se está indo para a morte ou a fuga.

 

Notas históricas

 

Este apêndice, que é uma palestra sobre Gilead em 25 de junho de 2195, tem um tom de piada e zombaria. Parece-me inútil, nada acrescenta ao romance. Os historiadores investigam a autenticidade das gravações de Offred. Não se sabe se ela conseguiu realmente fugir de Gilead. Nesta época, Gilead já acabou.