segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Garanhuns - uma sequência

Garanhuns é uma cidade muito arborizada, com vários parques e praças. Um centro comercial vivo, vibrante. Entretanto, o que estraga a cidade é o tráfego pesado de veículos - que poderiam ser facilmente desviados do centro e levados a contornar a cidade. As praças são ilhas cercadas de avenidas, sem ligação com as calçadas circundantes. Burrice. É o típico pensamento de dar prioridade aos veículos e não às pessoas. Prefeitos e secretários nunca ouviram falar em urbanismo, ou não sabem o que isso significa. Abaixo, uma sequência de fotos que fiz, assim como uma experiência, apenas.














Garanhuns bicicleta na praça


Então, aqui em Garanhuns, o dia foi de trabalho ao ar livre, fazendo medições em uma obra. No final da tarde, uma caminhada pela cidade e encontrei essa bicicleta descansando em uma praça perto do hotel. Fiz ainda um passeio de moto pelas quadradezas e subi um morro para ver a cidade de cima e tentar entendê-la melhor. Há uns dois ou três edifícios muito altos e modernosos, desnecessários em uma cidade com tanto espaço em volta de si. Deve ser uma vontade de ser metrópole, uma vontade de insegurança.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Em Garanhuns

São quatro e pouco da tarde. Cheguei em garanhuns às duas e quarenta e cinco. Saí de recife às 11 e 40 por aí, onze e meia. São três horas de viagem. Vim de motocicleta. Detesto viajar de carro. Ainda mais quando se viaja em equipe e a trabalho. Viajar de motocicleta tem muitas semelhanças com viajar de bicicleta. Estar submetido ao sol e à chuva. Estar em contato constante com o vento ou o calor ou o frio. Ambas essas formas de viajar são maravilhosas. Ambas preenchem o coração.

Saí de recife, sol forte, mas no caminho algum chuvisco. Pouco. Parei em gravatá para esticar as pernas e tomar um refri. Parei depois em jupi para reabastecer. Essa moto faz em torno de 25km por litro. É uma motocicleta simples e sólida. nota-se que a Honda fez um produto quase inquebrável. Um produto para ser maltratado, sem frescuras. Assim como muitas das Calois bicicletas.

Esse trabalho que faço - e que nao tem nada de arte ou de artistico - tem alguma vantagem, e viajar assim é uma delas. Para distâncias até 150km vou de bicicleta; acima disso, vou de motocicleta. Viajar de bicicleta ou de motocicleta, com a liberdade na cara. Amanhã, trabalho ao ar livre, visitar uma obra, fazer fotos, fazer medições. Divertido, apenas. Terça-feira, voltar, livre, moto, vento, caminhos. Terça-feira fazer um caminho diferente na volta, para ver o mundo. O mundo me impressiona simplesmente porque ele existe lá fora.

Infelizmente, nao parei para fotografar. Havia cenas fotografáveis, mas havia muitas nuvens com cara de chuvosas, então decidi não dar chance de a chuva me pegar. Mas é óbvio que moto e bicicleta devem apenas aceitar a chuva. mas se puder evitar, melhor. Houve momentos na estrada em que chovia à esquerda da estrada e chovia à direita da estrada. Nuvens negras, chuva grossa. Mas não chovia na estrada. A rodovia passava no meio da duas chuvas. Houve momentos em que a estrada ia em direção a uma concentração de nuvens gris e chumbo, e então a estrada fazia longa curva para a esquerda e desviava da chuva, e à minha direita longe, eu ficava vendo a chuva cair das nuvens, molhando campos e colinas.

Então pronto, cheguei na cidade de garanhuns e no hotel - eu simplesmente adoro hotéis e poderia morar minha vida toda em um quarto de hotel. Almocei aqui perto em um restaurante onde a moça que atendia me chamou de meu anjo. Comprei brebotes no supermercado e ganhei um dia de licença para usar na próxima viagem de bicicleta.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Bicicleta de carga (mais uma)


Em minhas caminhadas - ou bicicletadas - pelo centro da cidade, vou colhendo fotos das bicicletas que encontro. Essa bicicleta de carga estava parada no Largo de Santa Cruz.

Hoje, sábado, um dia inteiro dedicado a alguns trabalhos de arte. Experimentações. Um dia produtivo no atelier. Fui para lá de bicicleta, para voltar logo, e terminei ficando até de noite.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Três cabeças douradas


Este é um trabalho do ano de 2003 - chama-se "Três cabeças douradas". Este trabalho estava guardado e - sim - meio abandonado. O preto estava empoeirado e o dourado estava menos dourado. Por conta de coisas e descaminhos que a gente não explica - ou não quer explicar - esse que é um dos trabalhos de arte que gosto muito, ficou esquecido algum tempo. Hoje, por esses dias, eu o reencontrei  - e me reencontrei com ele - e praticamente executei sua restauração. O preto voltou a ser preto e o dourado voltou a brilhar.

Esse é um trabalho pequeno, cerca de 25 x 25 cm, e de simples execução. Peguei três cabeças de bonecas e cortei-lhes os cabelos - como a madrasta da história - e prendi as cabeças com arame nessa moldura. Curiosamente, as "Três cabeças douradas" iriam ser um presente para uma moça que conheci e que curtia arte contemporânea. Terminei me afastando dela e - paralelamente - me afeiçoando bastante ao trabalho, de tal forma que ele não foi dado de presente e ficou comigo.

Quanto ao trabalho em si, ele me parece fazer referência a uma tendência universal da arte - qual seja maltratar, violentar, ferir, machucar as mulheres. Frente ao mistério que existe no feminino, resta quebrá-lo, desmontá-lo, já que não se pode apreendê-lo. Era, por exemplo, o que Picasso fazia com Dora Maar. Também penso nas três Graças e nas três Harpias e, ainda, nas três bruxas de Macbeth.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cotidiano e bicicleta encontrada


Hoje, quando estava saindo para trabalhar - e vinha pensando em alguma foto para colocar no Recife Daily Photo - ao descer do elevador dei de cara com essa bicicleta vermelha. Deve pertencer a um dos operários que está trabalhando aqui no nosso prédio. Não sei como ele consegue utilizar o selim da forma como está colocado. De qualquer maneira, é uma bicicleta sólida, dessas que compõem a maior parte da frota de bicicletas do Recife, bicicletas do pessoal que efetivamente usa a bicicleta todo dia para se transportar.

Até pensei em postar a foto acima no RDP, mas na volta para casa, vi três bicicletas paradas em um cruzamento, fotografei e colocarei no Recife Daily Photo.

No atelier, continuam as pesquisas, entre aspas, do desenho e da pintura.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Cão & vermelho


Sempre que posso, no final da tarde, vou ao atelier do meu irmão para pintar ou desenhar. Quando não estamos lá, quem cuida de tudo é o cão Argos - Argos é o nome do cão fidelíssimo que pertence a Ulisses. Na foto abaixo, as pinturas super-coloridas são do meu irmão Antonio Mendes e o desenho em preto no primeiro plano e a pintura com predominância de preto e branco atrás do cão são meus. Você vê que adoro preto e branco, quase que exclusivamente.


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A próxima


Quem - como eu - tem o vírus de viajar está vez em quando pensando na e preparando a próxima viagem. Então, a próxima viagem - de bicicleta - já está decidida, acertada, marcada, configurada. Será, melhor dizendo, um passeio de bicicleta com duração de quatro dias. No primeiro dia, iremos de Recife para Bonito. No segundo dia, apenas trilhas para as várias cachoeiras da região e para a Usina Serro Azul (fogo morto). No terceiro dia, faremos asfalto e trilhas até a cidade de Belém de Maria. No quarto dia, voltaremos para Recife. Ainda não decidimos se voltaremos por Barra de Guabiraba ou por Catende, seguindo pelas praias.

Agora, no registro cotidiano, fazendo alguns desenhos pequenos e algumas experimentações com papelão achado na rua e tinta acrílica para piso. Somente. 

Casal, bicicleta e Brennand


Um final de tarde qualquer, o casal conversa no Porto do Recife - sem se saber observado e fotografado. A bicicleta espera. Hoje um dia comum, que começou chuvoso. Nos trabalhos de arte, encontrei uns papelões grandes na rua, no lixo de uma escola, jogados fora, peguei, levei para o atelier e estou fazendo algo com eles. Não sei o que é que estou fazendo, mas vou. Está evoluindo alguma coisa, tinta preta, branca, outras, experimentações.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Corpo / Body



Ela dorme em contraluz, seu corpo, ela trabalha, seminua, seu corpo. Fotografias roubadas.
(She sleeps with backlighting, her body , she works, half-naked, her body. Pics stolen.)

domingo, 23 de janeiro de 2011

Chuva e bicicleta - Rain & bicycle


O domingo amanheceu chovendo, entre chuva forte e chuvisco, essa variação. Lá pelas nove horas, o sol apareceu forte, a chuva foi embora, as ruas até começavam a secar. Saí com a bicicleta confiado de que não choveria mais. Segui passeando, sem pressa, para o bairro de Peixinhos, passei na frente do Matadouro, prédio bonito mas sem cuidados, semi-destruído. Segui para Olinda, subi na cidade pelo Guadalupe. A cidade já está toda em clima de carnaval. Mas Olinda está se convertendo em um cenário - assim como a praia do Forte, na Bahia, e a praia de Porto de Galinhas, em Pernambuco. Os moradores vão saindo, vendendo suas casas, e as lojas de coisinhas para turistas proliferam. Além da impressionante multiplicação de artistas e ateliês. Parece que em Olinda todo mundo é artista. 

Sol forte e muitos ciclistas fazendo o circuito das ladeiras. Voltei para o Recife e meu caminho me levou a passar pelo bairro do Recife. Quando eu estava indo para o bairro, as nuvens muito negras estavam vindo do mar. Havia tempo de fazer meia-volta e me recolher à casa, mas resolvi desafiar a certeza da chuva. Fui ao Marco Zero e ainda havia sol no lado esquerdo e nuvens escuras no direito.

A turistada ia e vinha, mas um certo casal me impressionou por simbolizar tudo que não gosto no turismo. Aliás, venho dizendo há algum tempo que deixei de ser turista para ser viajante.

Esse casal desceu de um carro nas imediações - ela com corpo, modo de andar e cabelo muito semelhantes aos de uma pessoa que conheci. Penso que pela semelhança é que fiquei observando os dois. Eles tiraram cinco fotos e não passaram mais de cinco minutos na praça do Marco Zero. Foi o tempo de eu tomar uma água de coco. Algumas fotos perto da água, algumas fotos com os edifícios antigos ao fundo. E foram embora. É possível que eles digam depois que conheceram o bairro do Recife, a praça do Marco Zero.

Começou um chuvisco. O povo começou a se esconder e sair. Somente um rapaz com um guarda-chuva colorido como sombrinha de frevo ficou na praça, encostado ao gradil, com o vento e a chuva fustigando. Eu que não iria esperar a chuva passar, então segui para casa. A chuva engrossou e pingos muito grossos. Cheguei em casa um pinto molhado.
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(The Sunday dawned rainy, between rain and drizzle, this variation. About nine o'clock, the sun came out strong, the rain is gone, the streets began to dry up. I took my bicycle and  I left home. I went walking, unhurriedly, to the district Peixinhos, I spent in front of former Slaughterhouse, beautiful building but without care, semi-destroyed. After, I went to Olinda. The whole city is already in a carnival atmosphere. But Olinda is turning into a scenery – like Forte Beach, in Bahia, and Porto de Galinhas Beach, in Pernambuco. Residents sells their houses and tourists shops proliferates. Apart from the impressive proliferation of artists and studios, it seems that everyone is artist, in Olinda.

Strong sun and many bikers making the circuit of the hills. I went back to Recife and my path led me to downtown. Very dark clouds were coming from the sea. I decided to challenge the rain certainty. I went to Marco Zero Square and still it has sun at left and dark clouds at right.

The tourists came and went, but certain couple impressed me for symbolize all that I do not like tourism. I've been saying I stopped being a tourist to being a traveler.

This couple fell from a car nearby – woman’s body, her gait and hair were very similar to one girl I knew. They took five pics and they did not spend more than five minutes in Marco Zero Square. Some photos around water, some pictures with the old buildings in background. And they went away. It is possible after they say they knew neighborhood of Recife, Marco Zero Square.

It got a drizzle. The people began to leave and hide. Only a guy with a colorful umbrella like as frevo umbrella was in square. I would not expect rain to pass, then headed for home. Rain very thick. I got home completely wet.)

Português mastigado


Sábado. Mateus e eu estávamos indo almoçar aqui perto de casa. E a gente ia conversando sobre nosso novo blog - o RDP, Recife Daily Photo - e sobre fotografia. Mateus concorda em recortar a foto e eu falava que a foto já é um recorte do mundo, portanto - como Edward Weston - não concordo em recortar uma foto. A gente falava também sobre como a foto é uma mentira mas que a gente pensa que é verdade e, ao contrário, o acordo sobre a pintura é que ela é uma mentira e a gente suspende a intenção de mentira para aceitar a pintura como verdade. Complicado? Mais ou menos ou não. 

E como a gente anda quase sempre com uma câmera na mão e sem idéias na cabeça, eu levava a minha câmera. E passou esse ônibus e me chamou a atenção. Português mastigado? Como? Achei engraçado, curioso. A expressão significa que a coisa vai ser bem facilzinha, na boquinha, bem mastigadinha. Você não acha que é meio nojenta essa idéia de colocar na boca do outro algo já bem mastigadinho para facilitar a sua deglutição?

Mas já que estamos em Recife - cidade dos tubarões - pode ser que um turista português tenha sido convenientemente mastigado na praia de Boa Viagem. Tá bom de besteira!

sábado, 22 de janeiro de 2011

Auto-retrato acompanhado - Self-portrait together


Olhando as fotos da mais recente viagem. Eu sei, eu sabia que há uma boa quantidade de boas fotos (imho) que não coloquei no álbum virtual do flickr nem postei no blog. Fui exatamente atrás dessa foto, pois lembrava que havia ficado boa. Era uma sexta-feira, em Londres no metrô, a gente voltava de mais uma visita à inesgotável National Gallery - aproveitando que na sexta fica aberto até mais tarde da noite. Penso que dezenas de centenas de milhares de pessoas já devem ter tirado foto na frente desses espelhos do Tube. Adorei a amplitude, as distorções - quem somos é uma pergunta constante - o sorriso de Eliane e minha cara permanentemente assustada.

I was looking at pictures from our trip to London. There are a handful of good pictures (imho) not put in virtual scrapbook or posted on the blog. I looked for this picture. It was a Friday, in London Tube, we came back from another trip to National Gallery - taking advantage of that on Friday it is open late at night. I think hundreds of thousands  people have already taken photo in front of mirrors Tube, of course. I loved the amplitude, the distortions, the Eliane’s smile, and my face permanently scared.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Chuva no Recife


O dia nasceu nublado e chuvisco. Eu pensava que em breve a chuva passaria e eu poderia ir para o trabalho com a bicicleta. Fiz café, Eliane cortou as frutas e tomamos o café da manhã na cozinha, vendo o chuvisco caindo lá fora. Me preparei para sair. A chuva engrossou e parecia que não ia parar. Desisti da bicicleta ou mesmo da motocicleta e chamei um táxi. Enquanto o táxi não chegava, continuei um desenho. É um desenho começado no ano anterior e do qual eu não gostava nadinha. Mas ontem, no atelier, recomecei a mexer nesse desenho e ele, magicamente, começou a ficar melhor e começou, até, a ficar bom. O táxi chegou e interrompeu essa digna atividade e me levou para o trabalho pelo qual sou pago. Chovia forte no caminho, a cidade estava escura e as luzes vermelhas dos automóveis respingavam vermelhos nas gotinhas do vidro do táxi. Há coisas que as fotografias não dizem.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Kart

Uma excelente noite. A pista de kart havia mudado completamente, eles elaboraram um novo traçado – que nos parecia muito melhor que o traçado de dezembro-2010. A gente estava seco para correr lá.

Ontem, depois do trabalho, fui para o atelier, não desenhei muito, e fomos para o kart – que já estava marcado e reservado. O grid estava completo, com dez pilotos. Eu, meu irmão, Mateus e um amigo nosso, éramos quatro no meio de seis desconhecidos. Os caras pareciam os bons do kart e estavam meio assim cheios de goga. Para quem não sabe o que é goga, diga-se que significa vaidade, jactância, fanfarrice.

Na classificação, Mateus ficou com o segundo lugar, meu irmão com o quarto e eu larguei em quinto. Logo nas primeiras curvas pulei para terceiro, pois os carros que largam nas posições ímpares conseguem a preferência da curva que é para a esquerda.

Passei Mateus, que estava em segundo, e o primeiro colocado se distanciou de mim. Mantive o segundo lugar por mais da metade da corrida, quando de repente vi que estava me aproximando do primeiro. Não foi por meus méritos, o carro dele é que estava falhando. Então passei para a primeira colocação e apesar de algumas dificuldades com retardatários, consegui terminar a corrida em primeiro. E toda a nossa equipe ocupou as quatro primeiras colocações, meu irmão em terceiro, Mateus em segundo lugar e nosso amigo em quarto lugar. Tiramos a goga deles. Depois do kart, uma cerveja gelada no oitão para comemorar a boa corrida.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

bicicletas nas ruas

Há dias venho sonhando – não o mesmo sonho, mas o mesmo tema: sonho com Londres ou Paris ou as duas. Caminhando pelas ruas, entrando em estações de trem. Horas e horas de caminhada nas duas cidades. Às vezes até acordo levemente no meio da noite,  percebo que estava naquele tipo de sonho, durmo de novo e volto a caminhar pelas ruas daquelas cidades. Coisa esquisita.
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Ontem, bicicleta para ir e para voltar do trabalho. De tarde, fui para o atelier e terminei um desenho que havia começado em 2010. Imho, ficou bom. Tem sido bom estar no atelier com meu irmão. Conversas sobre arte, vez em quando. Depois do atelier, mais tarde, de noite, em casa, desenhos e leituras.
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Hoje no Recife, amanheceu céu azul, muitas nuvens. De bicicleta para o trabalho. No caminho, parei em cima da pontezinha que cruza o canal Derby-Tacaruna para olhar o canal, ver as árvores que o margeiam e os reflexos na água. Penso que ninguém – ou somente eu mesmo – tem tempo para olhar esse canal. Sujo, de águas negras, às vezes ou quase sempre fedorento.

No bicicletário onde coloco minha bike, encontrei uma bela bicicleta de cor chamejante e personalizada, até mesmo com o nome do dono: Gleidson. A não ser que Gleidson a tenha vendido para alguém que não trocou a personalização. Mas imagino o rapaz, o dono, subindo na bicicleta rosa-flamboyant e gritando: pelos poderes de Gleidson. Mais tarde, depois de almoçar, encontrei essa luminosa bicicleta de carga amarela, com tapetes de borracha nos bagageiros e pedais e punhos também amarelos, denotando,  para mim, o cuidado e um certo carinho do dono. Seguem fotos da Gleidson bike e da bike amarelinha.




terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Coisas de ler

Terminei de ler, recentemente, “Caçando Eichmann”, de Neal Bascomb que conta a história da captura pelo Mossad, o serviço secreto de Israel, do nazista Adolf Eichmann, em 1960, na Argentina onde ele se escondia. Não gostei. A forma de contar a história não me agradou. Penso também que faltou detalhar mais o julgamento e o tempo em que Eichmann ficou na prisão (uns dois anos). O que ele fazia?, com quem falava?, recebia visitas?, lia?. Sobre a caçada em si, foi uma ação quase amadora, praticamente umas das primeiras grandes ações do Mossad.
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Estou lendo “The lovely bones”, de Alice Sebold. Muito dolorosa, a história de Susie Salmon (like the fish), em que ela mesma conta como foi assassinada e suas impressões a partir do “seu céu” (my heaven, ela diz).
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Estou relendo trechos do livro “Lendo imagens”, de Alberto Manguel. Um bom livro, embora algumas das imagens escolhidas por ele para analisar não tenham – imho – qualidade e importância bastante. Entretanto, a análise dele enriquece o meu conhecimento sobre arte. Peguei esse livro para dar uma olhada de novo pois em uma das minhas visitas à National Gallery, Londres, encontrei sem querer um dos quadros analisados por Manguel. É a “Virgem e o menino à frente de um guarda-fogo”, feito em torno de 1440 por um discípulo de Robert Campin. Eu gostava do quadro na reprodução do livro e gostava da análise de Manguel – vale a pena lê-la – e fui surpreendido quando me virava para sair de uma sala da NG e me deparei frente a frente com esse quadro. Momento único. A análise que Manguel faz do quadro é um primor. Segue uma imagem do quadro.


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Bicicleta vermelha encontrada na rua

Recife hoje sol com muitas nuvens, o calor de sempre, será vinte e oito graus ou mais, pra quê saber?, é quente, basta. Na ida ao trabalho, de bicicleta, ainda ruas muito calmas, férias escolares, claro. Ontem domingo fiz, continuei e terminei alguns desenhos; o scanner está fora da casa e não pude copiá-los. No trabalho, estou fazendo um divertido desenho no Cad, projetando o local para onde nos mudaremos em breve. Como é uma área maior que a atual, haverá auditório e sala de convivência. E, claro, no geral, é muito divertido fazer projetos de arquitetura, é como resolver quebra-cabeças.

Depois do almoço, um breve passeio pela cidade e adentrei o Cemitério de Santo Amaro - também conhecido como Amaro Bocão (pois engole todo mundo, qual um Saturno de Goya). Fui dar uma sacada na capela neogótica de lá e em alguns túmulos bem bacaninhas. No caminho, ou de ida ou de volta, encontrei essa bicicleta vermelha da foto. Depois do trabalho, bicicleta de novo e aulinha de inglês e pronto.


domingo, 16 de janeiro de 2011

Maracatu

Domingo de muito sol no Recife. Pedalada de tarde, passando pela Torre e segui até o aeroporto. De lá, desci para Boa Viagem para ver o mar. Pedalei pela ciclovia; para alguns, ainda era domingo de praia, para outros, já era a caminhada do final da tarde no calçadão, para outros ainda, já era a volta para casa - de ônibus, a pé ou de carro. Depois do Pina, segui pelo Cais José Estelita.

A partir da antiga Ponte Giratória, as ruas estavam fechadas para veículos, então delícia. Quase todo o bairro do Recife sem carros. Havia uma orquestra de frevo na praça do Marco Zero. Ouvi ribombando aquele batuque e segui na direção do ribombar. Era um maracatu tocando entre sobrados, perto da rua da Moeda. As ruas estreitas amplificavam o batuque. Depois, passei pelo Forte do Brum, rua da Aurora e voltei para casa.


sábado, 15 de janeiro de 2011

Parece trilha na zona da mata

Hoje sábado de tarde, saí para uma pedalada leve pela cidade. Além do óbvio prazer de pedalar, havia o objetivo de verificar como é que o meu recém-adquirido gps Garmin funcionaria ao marcar um trajeto.

É, eu que sou tão anti-tecnologia, eu que penso que o melhor gps é aquele antigo - de papel - chamado mapa, adquiri um aparelhinho desses. Em primeiro lugar, pelo preço: o bichinho custava 179 euros na Decathlon de Paris, e no Ba-ra-sil custa pra lá de mil e quinhentos reais. Em segundo lugar, por conta de duas viagens trilheiras que pretendo fazer em 2011, em lugares que os mapas não cobrem. Uma, na região da cidade de São João, cidade próxima a Garanhuns, região que já visitei a trabalho e da qual gostei da paisagem e das trilhas. Outra, no vale do Catimbau. Enfim, por conta disso, adquiri o aparelhinho.

Fiz a pedalada e mandei o aparelho registrar o trajeto - preu ver como isso funcionava. Ao final, estava lá na telinha todo o roteiro que fiz. 

Passei pelo bairro de Santana, Poço da Panela, Casa Amarela, e depois segui para o centro da cidade. Quando passava pelo Poço da Panela, essa rua que margeia o rio Capibaribe - e na qual passo vez em quando - me pareceu tão agreste, ou selvagem, ou tão zona da mata, que parecia estar fazendo uma trilha a dezenas de quilômetros de distância do Recife. Então, segue a foto da rua, e depois o trajeto marcado pela maquininha.



Eric Poitevin

Na recente viagem à Paris, revisitei a rue Quincampoix pois é uma das ruas que mais gosto na cidade. Qualquer um que vá até lá ou que a conheça diria que é uma ruazinha - bem estreita - sem nada demais. Porém, a Quincampoix tem muitas galerias de arte - e das boas galerias com arte boa, imho. Por isso que repito a visita sempre que posso.

Dessa vez, fiquei bastante bem impressionado com as fotografias de Eric Poitevin, expostas na Galerie Nelson Freeman. Penso até que me repito escrevendo isso: arte - para mim - é: "eu gosto disso" ou "eu não gosto disso". Qualquer explicação-zinha a mais é mera elucubração, teoria, tentativa, talvez até sensaboria. Então, eu gostei muito das fotos de Eric. A maior parte delas, fotografias de pessoas comuns nuas. Nada disso de modelos, corpos perfeitos, nada de photoshop ou phodashop. São corpos em sua integralidade de carne humana. Corpos com velhice, preguinhas, gordurinhas, marcas, assimetrias.

Resta falar que a Galerie Nelson Freeman é muito bacana para se ver - se expor - arte. Minimalista, paredes brancas, nada para interromper a fruição - se houver.

As duas fotos que seguem, peguei do site da Nelson Freeman pois não fotografei quando estava lá. As fotos, é claro, não refletem corretamente a sensação de estar na frente das enormes fotos de Eric Poitevin.



sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

canaletto ganha



(peguei as imagens deste post na internet)

quando estive em london london recentemente, a national gallery estava (e ainda está) apresentando uma exposição de pinturas de canaletto (1697 - 1768).
canaletto foi um pintor que se notabilizou por suas pinturas da paisagem urbana de veneza. as imagens que coloquei acima não se aproximam do que é ver um canaletto de pertinho. é incrível o detalhamento da arquitetura e das pessoas nos quadros dele.
eu já gostava de canaletto antes, de ver nos livros de arte. e já havia visto uns poucos canalettos no louvre. então, não poderia faltar nessa exposição em londres.

só que a national gallery fez a exposição chamando-a de canaletto e seus rivais. entao, cada uma das seis salas mostrava quadros de canaletto e quadros semelhantes de algum dos seus rivais. explique-se canaletto teve tanto sucesso com sua pintura que foi muito imitado - inclusive seus rivais vendiam alguns quadros como se fossem de canaletto.

o que acontece é que em qualquer das salas da exposiçao, a gente vê claramente qual quadro é um canaletto e qual não é. canaletto tem um brilho na sua pintura que a torna inconfundível. e a gente que estava lá só se interessava mais pelos canalettos, claro.

os rivais de canaletto perdem feio dele.

daí que a national gallery convidou o ben johnson que também faz - atualmente - pinturas de paisagens urbanas. cidades como liverpool e zurich já foram retratadas por ben johnson. e ele está trabalhando na national gallery para que a gente comum possa ver o desenvolvimento de um trabalho dele. e há alguns quadros dele expostos lá também.

e o que acontece é que ben johnson perde feio para canaletto. em ben johnson vemos uma pintura técnica, perfeita, sem marca de pincel, sem curiosidade, sem anedotas, sem pessoas. uma pintura absolutamente fria, certamente muito inferior ao trabalho de canaletto.

é isso, canaletto surpreende sempre, em cada janela, em cada barco, em cada gôndola que faz, na representação das multidões, onde cada cabeça tem seus traços executados na pintura. um canaletto tem que se ver de longe e depois de muito perto, para conseguir pegar um pouquinho da magistral execução da pintura.

a seguir, uma imagem de quadro de ben johnson que representa liverpool.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

bela bicicleta de recife

bom, então de volta aos trópicos, ao calor natural, ao suor por qualquer movimentozinho. hoje não usei a bicicleta pois que ambas as minhas precisam de revisão conserto. e desde a volta não mexi nelas. e a motocicleta, eu precisava ver se funcionava após tanto tempo parada. funcionou.
recife com ruas mais vazias, menos carros, são as férias escolares de janeiro. céu azul com algumas nuvens. sol forte, temperatura alta, mar azul. breve caminhada pelo bairro da boa vista. encontrei essa bela bicicleta, sem marchas, a cor do quadro passa de preto para branco, com cestinha.


quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

belas bicicletas

belas bicicletas encontradas quando flanava por paris, segunda-feira, dia 10.



o último por do sol

segunda, dia 10, céu azul e sol forte. o último por do sol na place de la concorde. de tirar o fôlego. de não querer mais sair dali.









musée de l'orangerie

segunda, dia 10, sol na cidade. final da tarde, passei no museu de l'orangerie que fica no jardin des tuileries. um dos melhores museus em que já estive. pequeno, não cansa seu cérebro nem suas pernas, não esgota o visitante como o fazem os grandes museus e as mega-exposições. e, principalmente, tem um acervo excelente e surpreendente. encontramos lá modigliani, cézanne, gauguin, renoir, soutine, picasso, henri rousseau (le douanier) e matisse, por exemplo. além das excepcionais ninféias de claude monet.

um nu com fundo vermelho de picasso, belíssimo, que eu não sabia que estava lá. um nu que eu adoro há muito tempo. a odalisque com culotte rouge de matisse, quadro famosíssimo, que eu nem sabia que estava em orangerie. um gauguin pequeno simples e muito bonito, melhor que muita coisa que já vi dele. muitas das famosas naturezas mortas de cézanne. um espetáculo.

por fim, as duas salas ovais que abrigam as imensas ninféias de monet são de babar, de ficar de boca aberta. nenhuma foto exprime o que é estar naquelas salas ovais com aquelas imensas pinturas.