O dia nasceu nublado e chuvisco. Eu pensava que em breve a chuva passaria e eu poderia ir para o trabalho com a bicicleta. Fiz café, Eliane cortou as frutas e tomamos o café da manhã na cozinha, vendo o chuvisco caindo lá fora. Me preparei para sair. A chuva engrossou e parecia que não ia parar. Desisti da bicicleta ou mesmo da motocicleta e chamei um táxi. Enquanto o táxi não chegava, continuei um desenho. É um desenho começado no ano anterior e do qual eu não gostava nadinha. Mas ontem, no atelier, recomecei a mexer nesse desenho e ele, magicamente, começou a ficar melhor e começou, até, a ficar bom. O táxi chegou e interrompeu essa digna atividade e me levou para o trabalho pelo qual sou pago. Chovia forte no caminho, a cidade estava escura e as luzes vermelhas dos automóveis respingavam vermelhos nas gotinhas do vidro do táxi. Há coisas que as fotografias não dizem.