Viagem de bicicleta


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Viagem de bicicleta
de Recife (PE) a Barra de Santo Antônio (AL).

Fotografias em:
http://www.flickr.com/photos/paulorafael/

Tempo = 4 dias
Distância = 230km

Ciclistas e bikes:

Paulo Mendes, 44 anos, Schwinn Moab
Eliane Mendes, 47 anos, Caloi Elite
Mateus Mendes, 20 anos, Caloi Supra

Eu, Paulo, já fiz diversas viagens de bicicleta,
porém Eliane, minha esposa, e Mateus, meu filho,
nunca haviam feito uma viagem de vários dias.

Eles já haviam feito trilhas e passeios de curta
duração. Esta viagem seria a primeira experiência
deles no cicloturismo de verdade.

Programamos viajar durante quatro ou cinco dias,
e nào estabelecemos um objetivo específico, pois
devido à falta de experiência de Eliane e Mateus,
resolvemos que onde a gente chegasse já estaria bom.
O objetivo era apenas viajar pelas praias de Pernambuco
e Alagoas, evitando sempre que possível as rodovias,
e pedalando na areia da praia, de acordo com a maré
baixa.

A bagagem foi estritamente controlada para levarmos
o mínimo necessário. Como Eliane era a mais inexperiente
em viagens, colocamos bagageiros apenas nas bikes de
Mateus e Paulo. Os bagageiros foram os mais simples
encontrados, a preços em torno de 10 reais.

Na bike de Mateus, apenas uma mochila no bagageiro.
Na bike de Paulo, uma mochila no bagageiro e uma bolsa
de guidão. Nesta bolsa, mais fácil de acessar, três
câmaras de ar, ferramentas, protetor solar, bomba.

Os ciclistas não levavam nenhum peso em si, apenas
a câmera fotográfica no bolso de trás da camisa.

As bicicletas dispunham, no total, de cinco caramanholas
e foi suficiente, nunca ficamos sem água.
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Primeiro dia - 26/12/2007
de Recife a Porto de Galinhas - 66km

Saímos cedo do nosso apartamento no bairro da Tamarineira
em Recife, por volta das 5 e meia da manhã, para evitar
o trânsito pesado da cidade.

Pedalamos cerca de 27km por dentro do Recife até chegarmos
no limite sul da cidade, o Rio Jaboatão.

Lá, esperamos cerca de 15 minutos até que aparecesse um
barqueiro para nos levar até o outro lado do rio,
onde fica a praia do Paiva, já no município de
Cabo de Santo Agostinho.

A praia do Paiva é praticamente deserta, embora haja o projeto
de se construir uma ponte e um condomínio.

A maré estava baixando e conseguimos pedalar pela
areia da praia, embora com alguns trechos muito
fofos em que empurramos.

Chegamos à praia de Itapuama, e uma certa chuva de
verão começou a cair e a nos perseguir.
Compramos água e biscoitos e refrigerantes em uma
lanchonete.

Seguimos pela estrada de barro que vai de Itapuama
até a rodovia, para depois seguir uma estrada asfaltada
que leva ao porto de Suape.
A estrada tem acostamento, mas também tem muito movimento
de caminhões, embora seja um trecho relativamente curto.
A chuva nos acompanhava, caindo de quando em vez.

No final da estrada de Suape, seguimos pela
estrada de barro que vai, por entre canaviais, para a
Usina Salgado.

Pegamos um desvio e fizemos de jangadinha a travessia
de um riacho, encurtando o caminho.
Seguimos entre os canaviais e passamos na frente
da Usina Salgado.
A estrada de barro passou a ser de paralelepípedos.

Chegamos à bifurcação na vila de Nossa Senhora do Ó.
Seguimos pela estrada asfaltada que vai para Porto de
Galinhas, onde procuramos uma pousada e nos hospedamos.

Lavamos e lubrificamos as bikes, depois banho e almoçamos
uma peixada no centro de Porto de Galinhas.

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Segundo dia - 27/12/2007
de Porto de Galinhas à praia de Tamandaré - 45km

Depois do café da manhã, saímos de Porto e seguimos
pela estrada de barro que leva até a praia de Serrambi.
Em Serrambi, descemos para a praia, mas a maré ainda não
permitia pedalar pela areia.
Voltamos para a estrada de barro que leva até a praia de Toquinho.

Ainda bem antes de Toquinho, entramos por uma propriedade particular
para ver se já dava pra pedalar na praia, e então seguimos pela
areia até o Rio Serinhaém.

Lá, um pescador nos indicou onde é que passava o barco que faz
continuamente a travessia de Toquinho até Barra de Serinhaém,
do outro lado do rio.

Atravessamos no barco-bus e seguimos por dentro da cidade até
a praia, mas a areia ali era muito fofa e não dava pra pedalar.
Como estava perto de meio-dia, almoçamos em um bar simplesinho
na beira-mar, peixe naturalmente.

Depois do almoço, bom e barato, saímos da praia e seguimos pela
estrada asfaltada, sem movimento nenhum de veículos, até o Rio
Formoso, onde há barcos para travessia. Esta foi a travessia mais
cara da viagem, pois geralmente nas travessias de rios se cobra
de 1 a 2 reais por pessoa. Mas ali, como há muitos turistas,
a travessia é caríssima. Depois de muito negociar, conseguimos
o preço absurdo de 20 reais para transportar os três.

Do outro lado do Rio Formoso fica a praia de Carneiros.
Ali conseguimos pedalar pela areia, maré baixa e areia batida.

Seguimos pela areia da praia, atravessando a pé alguns
riachinhos, até a praia de Tamandaré.
Encontramos uma pousada, tomamos um bom banho de mar
e de piscina, lavamos e lubrificamos as bikes.

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Terceiro dia - 28/12/2007
de Tamandaré (PE) até a praia do Pontal, em Japaratinga (AL)
- 72km

Depois do café da manhã, seguimos por dentro da cidade de Tamandaré e
subimos pela rodovia asfaltada, passando pela Reserva
Ecológica de Saltinho, até chegar a rodovia PE-060.

Passamos a cidade de Barreiros (PE) e enfim voltamos às
praias na cidade de São José da Coroa Grande (PE).
Em São José, seguimos pela areia da praia pois a maré
já permitia.
Passamos para o estado de Alagoas e pelas praias
de Peroba e Barra Grande, atravessando de vez em quando
pequenos riachos com água no joelho, no máximo,
até que chegamos na praia de Maragogi.

Em Maragogi, paramos para almoçar lagosta e arroz de polvo
em um restaurante à beira-mar.

Depois do almoço, continuamos pela praia até Japaratinga (AL),
e seguimos pelas praias de Bitingui, Barreiras do Boqueirão,
até chegar na praia do Pontal, onde nos hospedamos na casa de
uma amiga. Banho de mar e, como sempre, lavamos e lubrificamos
as bikes.

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Quarto dia - 29/12/2007
de Japaratinga (AL) até Barra de Santo Antônio (AL) - 47km

Saímos depois do café da manhã e fomos para a balsa
que a travessa o rio para a cidade de Porto de Pedras (AL).

Em Porto de Pedras, a maré ainda não permitia pedalar pela
areia, então seguimos pela estrada asfaltada, com pouco movimento
de veículos.

Na localidade de Porto da Rua, descemos para a praia para ver
se a maré já baixara;
maré baixa e areia batida, seguimos pela praia por vários
quilômetros até a praia de Barra do Camaragibe.
Para atravessar o rio Camaragibe, um barquinho ao custo
tradicional de 1 real por pessoa.

Do outro lado do rio, seguimos por uma estradinha de areia
no meio do coqueiral até atingir a praia, completamente
deserta, maré baixa, praia larga, areia batida.

Seguimos até as falésias que são impressionantes, nessa
região. Depois das falésias fica a praia de Carro Quebrado,
pois como o nome indica é de difícil acesso para veículos.

Enfim chegamos na praia de Ilha da Croa (AL),
de onde atravessamos de balsa para a cidade de
Barra de Santo Antônio (AL).

Encerramos a viagem em Barra de Santo Antônio,
pois no dia seguinte a maré não permitiria seguir pela
praia de manhã e a rodovia estaria muito movimentada
devido a proximidade do final do ano.

Almoçamos um camarão ao molho de coco e
fomos ao encontro de um amigo que foi nos buscar,
em um posto de gasolina, conforme combinamos, colocamos
as três bikes no suporte do carro e seguimos
para Recife. Chegando em Recife à noite,
ainda lavamos e lubrificamos as bikes, para
evitar qualquer problema posterior.

Durante os 4 dias da viagem não tivemos nenhum momento
de insegurança ou violência ou assaltos, essas coisas que
as pessoas urbanas sempre perguntam quando um cicloturista
fala de suas viagens passadas e futuras.

O mais perigoso para qualquer ciclista ou cicloturista são
os motoristas apressados e impacientes, trancafiados em
suas latas volantes.