férias novamente

alô alô alô. houston, temos um problema... é, estive uns dias ausente do mundo virtual. e é muito bom, sempre. o mundo virtual não é. ele não é. estive de férias.

aquele tipo de férias a trabalho. me mandam viajar para cidades do sertão de pernambuco, vou, é como estar de férias. hotel, café da manhã, não precisar cuidar de nada da casa. trabalhar perto – geralmente – perto do hotel. de tarde, caminhadas pela cidade, praticar aquele esporte: observar pessoas. então é férias.

quando estive na longínqua ouricuri, caminhei no calçadão do centro da cidade. o ar quente preenche a cidade até as oito da noite. muitas bicicletas e muitas motocicletas. no sertão, as pessoas não parecem mais usar os veículos de tração animal, a motocicleta substitui tudo. as concessionárias de motocicletas proliferam em todas as cidades, em geral situadas à margem das rodovias para serem bastante vistas.

os prefeitos não existem. os prefeitos não administram. em ouricuri, seria tão simples melhorar o calçadão para os usos da população, mas nada é feito ali há anos. muita gente usa esse calçadão central, situado no meio da via, largo e com árvores. muita gente caminha ali, outros conversam e namoram nos bancos, outros levam cadeiras e se ocupam em observar os passantes. bares e lanchonetes se distribuem pelo comércio que acompanha essa via. entretanto, o calçadão é interrompido continuamente para que veículos possam fazer o retorno ou atravessar a via.

seria tão simples melhorar o uso do calçadão. é somente eliminar todos esses retornos, semáforos e travessias e unificar o calçadão, fazendo com que os veículos fizessem o retorno apenas nas extremidades do calçadão unificado, através de rotatórias. veículos devem fazer trajetos maiores para que os pedestres e cidadãos possam usufruir melhor da cidade.

acessoriamente, o piso atualmente irregular do calçadão deveria ser refeito, a separação entre espaço de caminhar e as árvores deveria ser eliminado, a quantidade de bancos deveria ser aumentada e as faixas de pedestres deveriam ser sinalizadas e elevadas em relação ao asfalto da via. simples, factível. porém, como em quase todas as cidades brasileiras, não temos gestores, administradores da coisa pública.

por fim, quero falar da delícia e da dor de viajar de bicicleta e de motocicleta. parte dessas férias de quatro dias no interior do sertão do fim do mundo de pernambuco fiz de motocicleta. viajar de motocicleta e de bicicleta é impressionantemente superior a viajar dentro de um automóvel. claro que viajar de moto é diferente e semelhante a viajar de bici. muito diferente e alguma coisa pouca semelhante. mas ambas essa formas são muito mais deliciosas que o automóvel.

a autonomia, a facilidade de mudar o trajeto para ver algo, a facilidade de parar em qualquer local mais belo de ver e admirar, o contato direto com o clima, vento, chuva talvez, respingos, poeira, impacto do deslocamento de ar dos caminhões. o asfalto passando em alta velocidade a poucos centímetros das minhas botas. a dor da posição e o cansaço das pernas (isso é bastante parecido com a bicicleta). a dor e a delícia. há momentos surpreendentes, quando o motor da motocicleta parece estar em perfeita sintonia com o asfalto, com o clima, com o piloto. as respostas rápidas aos comandos. é isso, mais ou menos.