almocei a comida de sempre. pouca.
antes,
quando eu era criança,
comida não fazia mal.
hoje, cientistas descobriram que
macacos magros
vivem mais que macacos gordos.
caminhei pelas ruas centrais do recife.
na faixa de pedestres da avenida
conde da boa vista
conde da boa vista
conde
tanta gente atravessou de uma só vez
tanta gente tanta gente
que pensei que fosse carnaval
que pensei – de relance – que fosse carnaval.
imaginei ver na multidão um rosto conhecido.
não era.
se fosse,
eu lhe perguntaria: menina, e então?
casou? teve filho ou filha?
esse era – parecia ser – o plano dela.
parece que, na vida, há que se ter um plano,
qualquer que seja, mesmo errado,
ter um plano mesmo que seja para voltar atrás,
se foi errado.
caminhava pensando nisso e encontrei um amigo
com nome de menino.
falamos de arte,
falamos do sol, que hodiernamente
hodiernamente
faz mal.
não fazia mal quando eu era criança.
eu disse ao menino:
estou curado.
ele me disse: eu não.