semana

semana foi como sempre. a repetição. a repetição gera aprendizado, em certa medida. sem excessos. nada em excesso, estava escrito no oráculo de delfos. indo ao trabalho de bicicleta. chegando ao edifício em que trabalho e aproveitando uma brisa e um lugar legal para fazer alguns desenhos de observação. eu que abandonei o desenho de observação. não gosto de retratar o que já existe. o que já existe, já existe. fiz desenhos de cantos, geometrias, máquinas, alguma árvore, algum galho e de uma folha que estava caída no chão, amarelada. depois do trabalho, roupa de ciclismo, e fiz alguma pedalada mais longa e veloz. certa tarde, fui até olinda. na beira-mar de olinda há uma ciclofaixa. fiquei surpreso com os veículos: os motoristas buzinam, reclamando porque eu estava usando a ciclofaixa. eles querem passar seus pneus por cima da ciclofaixa. é espantoso viver nessa barbárie. tenho pena de mim, coitadinho. nesse dia de olinda, fui até o antigo quartel da polícia do exército e voltei. chegando na praça dantas barreto, subi para a sédólinda. as barracas voltaram, é uma merda isso, essas barraquinhas. na minha opinião, claro. desci pela misericórdia. quando estava me posicionando para começar a descida da ladeira da misericórdia, passavam dois homens, um deles disse: é coragem. dos quatro cantos, subi para são bento. desci a prefeitura e voltei para casa.
outra tarde, voltando para casa de bicicleta, parei em um cruzamento. vinha uma carroça puxada por um cavalo malhado, branco e marrom. vinha lento. a carroça era pilotada por um velho. o velho sorriu para mim e disse: esse cavalo é escritinho uma tartaruga. se fosse no chicote, ele ia mais rápido, mas como não uso chicote. continuei, rindo muito da expressão que o velho usou, esse cavalo é escritinho uma tartaruga.
meu corpo está aqui, no recife, mas minha cabeça já está em paris e londres, para onde vou passar natal e ano novo. espero ver em paris as exposições de monet e mondrian. depois do ano novo, passarei alguns dias em londres. espero poder ver a exposição de gauguin, na tate modern. viajar é preciso.