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Desenho recente, tinta nanquim sobre página de livro de cirurgias, 2011.
.Recife, ida e volta de bicicleta casa-trabalho. Ruas levemente molhadas, há pancadas de chuva vez em quando. Nas idas, mesmo cedo, ruas tomadas por veículos parados ou movendo-se lentamente. Passo pela direita ou no corredor entre os veículos. Um ciclista de capacete e mochila passa por mim veloz. Passo por ele lá na frente. Ciclistas, muitos, sem capacete e em bicicletas de marcha única, bicicleta de pedreiro. É preconceito e é verdade. Ao mesmo tempo. O trânsito lento para veículos com motor e o automóvel passa por mim e buzina. Não entendo o motivo, motoristas estressados pedem passagem mesmo quando não há passagem. Passo pelo mesmo motorista parado no trânsito mais à frente e toco minha campainha de trim-trim pra ele. Despedida, ele fica parado, sigo. Incoerência da bárbarie recifense, ônibus não tem faixa exclusiva, calçadas estreitas para pedestres e latas empilhadas e egoístas. Motoristas são tolos que acreditam em propagandas de televisão, culpados úteis alimentam indústrias de petróleo e latas.
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