Parte chuva, parte pedaladas


Amigos, como se pode ter visto nos jornais, uma grande massa de nuvens e chuva se fixou por alguns dias nos céus da Europa Central. É preciso também observar que a primavera de 2013 na Europa está muito esquisita, fria e nublada, quando já se deveria ter sol e temperaturas mais altas. Há, inclusive, institutos de meteorologia que dizem que é possível não haver verão este ano por aqui. E essa tal chuva de primavera fria causou inundações em muitos rios, na Alemanha, Áustria e aqui na República Tcheca.

Bom, de qualquer forma, para nós que estávamos de férias e fazendo cicloturismo, a chuva e o frio atrapalharam, claro. Do nosso roteiro planejado, conseguimos pedalar todos os trechos menos dois, que fizemos de trem. A maior parte dos trechos que fizemos foi muito boa, mesmo com temperaturas mais baixas que o normal. Só um trecho foi mais difícil de pedalar pois tivemos chuva gelada e frio por algumas horas. Nosso projeto era pedalar 500 km, podendo ser mais se a primavera estivesse normal. Ao final, pedalamos cerca de 400 km. Os dois trechos que fizemos de trem somavam 100 km.

Então, recapitulando, chegamos em Ceske Budejovice com chuva, após uma pedalada excelente, sem chuva, com dia bom. Chuva só nos últimos km, já perto da cidade. No dia seguinte, choveu o dia todo, chuva fina. Sempre vimos apenas chuva fina, mas esse chuvisco constante encheu os rios. Começaram as inundações. Lá em Ceske Budejovice, a Prefeitura começou a fazer barreiras contra a água. Nós pretendíamos pedalar pela cidade e no entorno, mas conseguimos apenas caminhar pelas ruas. No dia seguinte, seguimos de trem para Cesky Krumlov. A chuva estava bem fraquinha, mas as ciclo-rotas seguem junto aos rios, em alguns trechos, e não quisemos arriscar. Em Krumlov, a chuva foi diminuindo, passou, fez sol, e voltou a nublar, mas sem chuva.

Nosso projeto era pedalar bastante pela região de Cesky Krumlov, mas com o frio e a chuva, fizemos apenas duas pedaladas. Em uma delas, não conseguimos chegar na cidade que queríamos visitar. Na ciclo-rota que a gente estava, a 12, já chegando perto da cidade de Rozmberk nad Vltavou, um riacho transbordou e transformou a rota em um rio. Não havia como passar, e voltamos para Krumlov. Depois visitamos esta cidade, indo e voltando de ônibus. A outra pedalada, que foi nossa pedalada final na República Tcheca, nós fizemos por dentro de uma floresta próxima, chamada Blanský, e fomos também até um mosteiro, Zlata Koruna, fundado em 1263.

Deste modo, encerramos os pedais aqui na República Tcheca e iniciamos a longa viagem de volta para o Brasil. No geral, boas pedaladas, boas cervejas e comidas, lindas paisagens, um frio aceitável e uma chuva chatinha, às vezes. É importante destacar a segurança que sentimos em todas as vias e a grande estrutura preparada para o ciclismo e cicloturismo. Destaco também que os mapas de cicloturismo são muito bons e precisos, mostrando exatamente a hierarquia das rotas para cicloturismo.

Algumas observações mais imediatas que me ocorrem e que possivelmente ampliarei mais tarde:

- Trazer a bike, alugar ou comprar: para a Europa, tenho preferido alugar aqui. As bicicletas que aluguei (na Holanda, Itália e República Tcheca) eram muito boas, sólidas, resistentes e adequadas ao cicloturismo. Aqui, eu trouxe os nossos selins e pedi para colocar na loja de alugar. Especificamente para a República Tcheca, nós observamos que o país tem preços bastante acessíveis - talvez por não ter adotado o euro e continuar com a sua moeda, a Coroa. Portanto, aqui, comprar duas bikes e viajar com elas sairia somente um pouco mais caro que alugar. Mas haveria o problema (ou incômodo) de embalar e levar para o Brasil e passar na Receita, etc.

- Cicloturismo com pára-lamas: excelente. Nós já havíamos viajado na Europa em bicicletas com pára-lamas, mas ainda não tínhamos percebido todos os benefícios. Dessa vez, visto que as rotas estavam úmidas ou molhadas, vimos como é bom. Usando a bicicleta com pára-lamas na viagem, os ciclistas e os alforges chegam praticamente limpos no final do dia,  e a própria bicicleta fica mais limpa no geral. Excelente o uso de pára-lamas, estou até pensando em colocar nas minhas bicicletas, no Ba-rasil. O ruim dos pára-lamas: quando a estrada é muito irregular (paralelepípedos, por exemplo), eles fazem barulho. Uma fixação mais rígida talvez amenize isso.

- Mapas, sinalização e gps: os mapas para cicloturismo, tanto nos outros países quanto aqui, e a sinalização das rotas, são tão bons que é fácil viajar mesmo sem gps. Em muitos trechos da nossa viagem, abandonei um percurso já estabelecido no gps (Garmin) por outro que encontrei no mapa, sem problemas. Claro que, com mapa, o ciclista tem que estar mais atento e realizar mais parada para conferir os mapas. Mas no cicloturismo não temos pressa. Uma curiosidade é que meu gps Garmin ficou funcionando mais "lentamente" aqui. Não sei se foi o frio, mas observei que ele demorava mais para atualizar a minha posição atual do que quando uso no Brasil. Por exemplo: eu já estava junto a uma bifurcação ou entrada e a setinha na tela ainda estava muitos metros lá atrás.

É isso. Até a próxima cicloviagem.