RAFA 300/3 - Miniaventura bikepacking - relato



Foi uma miniaventura solo: três dias de bicicleta pelo litoral do Nordeste, de Recife (PE) até Tibau do Sul (RN),  com um total de 340 km pedalados. Fiz este passeio para comemorar e marcar meu aniversário. Levei pouca bagagem, três camisas de pedal, duas bermudas de pedal, duas bandanas, par de manguitos, uma bermuda, três cuecas, três meias, kit de higiene, três câmaras de ar, ferramentas básicas, uma bomba pequena, trava u-lock, minicâmera de filmar, gps, celular, documentos, cartão e dinheiro. A bagagem coube em uma bolsa de bikepacking e nas bolsas de quadro.

Dia 1: de Recife (PE) até João Pessoa (PB): 156 km

Rota: Recife - Olinda - Paulista - Maria Farinha (travessia) - Nova Cruz - Centro histórico de Igarassu - Itapissuma - Carne de Vaca (travessia) - Acaú - Pitimbu - Praia Bela - Jacumã - João Pessoa.

Fiz uma rota com algumas trechos novos para mim. Parti de casa às cinco da matina e pedalei de Recife até Maria Farinha; lá atravessei o Rio Timbó de barquinho em direção a Nova Cruz. Segui pela Estrada de Nova Cruz, asfalto, e entrei na estrada de terra que margeia o Bosque da Memória, chegando ao centro histórico de Igarassu, uma das cidades mais antigas do Brasil, fundada em 1536 por Duarte Coelho. Filmei e fotografei as igrejas e segui pela PE-35 que conduz ao centro de Itapissuma. Dei uma olhada na ponte e na Ilha de Itamaracá, do outro lado do Canal de Santa Cruz e segui por uma estrada de terra até a BR-101. Fiz alguns poucos km pela 101 até uma estradinha de terra que liga com a PE-49. Esta vai direto para Carne de Vaca. Segui até a foz do Rio Goiana e fiz a travessia de barquinho até Acaú, já na Paraíba. Por asfalto, cheguei ao centro de Pitimbu e fiz um lanchinho rápido em uma padaria, eram cerca de 11 horas, muito cedo para parar. Saí de Pitimbu pegando logo de cara aquele subidão e segui pela PB-08. Contei e registro: de Pitimbu até João Pessoa são 14 subidas fortes em que tive que usar a coroa 1, a mais pequena. Cheguei no topo de Praia Bela por volta das 12 horas e ainda era cedo para parar, então decidi continuar pela PB-08 e suas subidonas. Cheguei em Jacumã por volta de uma e meia da tarde e não me apeteceu ficar, acho o lugar sem gracinha, então fiz um lanchinho bobo e continuei. Cheguei em João Pessoa e escolhi um hotelzinho e lá parei às 15:30h, final do dia de pedal. Fiz uma caminhada breve pela praia, fiz um lanche, voltei para o hotel, banho e mais tarde, de noite, saí para comer uma pizza.

 

Dia 2: de João Pessoa (PB) até Barra de Camaratuba (PB), 106 km

Rota: JP - Cabedelo (travessia) - Lucena - Praia da Campina - Barra de Mamanguape (travessia) - Tramataia - Baía da Traição - pela praia até Barra de Camaratuba.

A rota deste dia teve algumas novidades, em parte intencionais, em parte involuntárias. Fui para o café da manhã do hotel assim que abriu e parti às 7h, seguindo pelo litoral até Cabedelo. Fui para o terminal da lancha-ônibus; a lancha das oito horas havia saído antes da hora e a perdi, e tive que esperar a das nove. Atravessei para a Costinha e segui pela PB-19 e PB-25 até entrar para uma estrada de terra até a localidade de Pacaré. Dali segui e passei na bela Lagoa do Sítio Tatu Peba e continuei até a Praia da Campina. Todo este trecho de terra estava com muitos trechos de areia fofa. Na Campina, abasteci de água e segui para Barra do Mamanguape. Ali tive um pequeno imprevisto: o único barqueiro que apareceu não quis me levar para Coqueirinho – que fica à beira-mar do outro lado e mais perto de Baía da Traição. Ele disse que tinha um compromisso, que não podia, etc, etc, e que só podia me levar para uma estradinha do outro lado, mais perto para ele, e de lá eu iria para a rodovia. Fiquei apreensivo mas fui. Na travessia, o Mamanguape estava agitado, maré cheia, muitas ondas. Em certo momento, o barco levou uma chapoletada de uma onda e o motor parou, mas foi bre, o barqueiro conseguiu fazer funcionar de novo. Segui pela estradinha e cheguei na vila indígena de Tramataia. Dali alcancei o asfalto, PB-41, e cheguei na Baía da Traição. Era cedo, uma e meia da tarde, pra quê parar? Abasteci de água e segui pela praia. A maré estava secando mas ainda não estava bom, meio lá meio cá, mas fui, dava para pedalar, com alguns trechos de empurra. Havia uma ponta de pedras que eu não lembrava e tive que atravessar carregando a bicicleta, difícil, pesado, escorregadio. Chegando na Barra de Camaratuba, ali é tudo pedra. Não recomendo fazer essa trajeto que fiz pela praia, dá para ir por dentro, com alguma areia fofa. Nas pedras de Camaratuba, tem uma trilha que a gente sobe e vai pelo meio do mato e na beira da encosta. Se a bicicleta cair dali, vai ser difícil resgatar. Atravessei toda a trilha e desci na prainha do outro lado. Atravessei uma parte do Camaratuba a pé, e a outra parte de barco. Segui para a vila, não gostei das pousadas que vi, eram 15:30, decidi seguir para Baía Formosa e comecei o trajeto. Entretanto, depois de alguns km, vi que chegaria em Formosa já no escuro, não havia sinal de celular na região, e decidi voltar para Camaratuba. A vila é desprovida de tudo, não tem padaria nem restaurante nem lanchonete. Fui para uma pousada e acertei um quarto sem café da manhã com um “recepcionista” bêbado. Depois do banho, procurei algum lugar para comer e não encontrei. Comprei uns brebotes em um mercadinho e comi no quarto e fui dormir.

 

Dia 3: de Barra de Camaratuba (PB) até Tibau do Sul (RN), 78 km

Rota: Camaratuba - Barra do Cunhaú - travessia - Sibaúma - Pipa - Tibau do Sul.

Dia tranquilo e com o primeiro e único pneu furado. Acordei às cinco e parti logo depois de arrumar a bagagem e bati o pó das minhas sandálias para não ficar mais naquela vila de Camaratuba, desprovida de recursos. Cabe destacar como é péssimo o serviço de telefonia do Brasil: a maior parte do tempo nessas estradinhas e pequenas localidades não havia sinal de celular. Na Europa, compramos um chip em um dado país e utilizamos em todos os lugarejos de todos os países pelos quais passamos (veja por exemplo a nossa viagem Compostela 2023). Então, saí da paupérrima Camaratuba pela PB-65, passei por Mataraca e cheguei à BR-101, Mataraca é muito mais desenvolvida que Camaratuba, vi padarias, mercadinhos, academia, academia da cidade, serviço de limpeza cedinho no domingo – só não tem praia. Pela 101 segui até a entrada de Canguaretama, parei em uma conveniência para um lanche e segui pela RN-269. As rodovias estaduais da Paraíba são muito melhores do que as estaduais do Rio Grande do Norte e de Pernambuco. Cheguei cedo à Barra do Cunhaú, belíssimo lugar, e decidi seguir. Fiz a travessia de balsa no Rio Catu e segui pela RN-03. Pouco antes da entrada para Piau, a câmara de ar pipocou. Penso que foi a fita antifuro que rasgou a câmara. Coloquei uma câmara nova e segui. Perto da entrada para Pipa a estrada está lamentável. Segui para Tibau do Sul, onde cheguei pouco depois das onze da manhã. Hospedei-me no Hotel Marinas, no qual já ficara algumas vezes, fui para a piscina comemorar a chegada e o meu anivesrário, e aguardar a chegada da minha querida Eliane, nossa filha e nosso neto. Passamos uma agradável estadia no Marinas até o dia seguinte quando retornamos para Recife. E fim da miniaventura bikepacking de três dias.

Para ver o vídeo da viagem no Youtube clique aqui.

Para ver as rotas no Strava, clique nos links a seguir:

Dia1 - Dia 2 - Dia 3.