ser pedestre no recife

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fui em uma loja de fotografias mandar imprimir mais umas fotos de bicicletas e de viagens. gosto de ver fotografias em papel. observei que devo diminuir a quantidade de fotos selecionadas da viagem mais recente senão senão. senão vai estuporar a quantidade. é foto demais. tem que ser mais rigoroso na seleção. na loja, uma certa demora para ser atendido, pouco profissionalismo dos atendentes. um deles, um rapaz franzino com ar andrógino, tem o cabelo duro e sujo, acho que ele faz escova (ou algum outro método da avançadíssima tecnologia capilar) e não lava o cabelo por um certo tempo e o cabelo vai pegando poeira e pedacinhos de papel. talvez, por coincidência, muitas pessoas de alguma-qualquer religião imprimindo fotos de cultos ou de santas ceias. e mocinhas de escola com o “olor fugaz” que lhes é típico, imprimindo fotos de celular, desfocadas e de baixa qualidade, de amigas e amigos.
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talvez eu escreva algumas coisas chamadas “observatório do recife”. pensei isso enquanto caminhava. tem até um site chamado observatório do recife, então não posso nem usar esse nome.
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o atual prefeito do recife – joão da costa – é um dos piores prefeitos que o recife já teve. e observe que essa é uma disputa duríssima, esse título de pior. joão da costa não fez e não faz nada pela cidade. é claro que os outros não foram assim tão exemplarmente melhores. todos medíocres ou pusilânimes. basta lembrar de roberto magalhães ameaçando jornalistas. não tenho partido nem simpatia por nenhum partido. poderia ter pelo verde, mas o verde no brasil não é nada. nas ruas, encontramos dos verdes os mesmos cavaletes de propaganda política que atrapalham a circulação dos pedestres.
sim, mas então, essa prefeitura atual é anódina, ausente, refletindo a postura do prefeito. vejam um caso preciso, que aparece no desenho meio-mal-feitinho que perpetrei.
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todos somos pedestres, acredito, e a mobilidade urbana deve ser pensada a partir do pedestre. não é assim no recife. no recife, a cidade é pensada para os automóveis.
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exemplo: o cidadão vem pela calçada da rua do riachuelo no centro do recife, bairro da boa vista.
se ele caminha pela calçada da esquerda, ao chegar no cruzamento com a rua do hospício não há faixa de pedestres. se ele insistir em atravessar quando o semáforo fechar para os carros que vem da cruz cabugá, chegará no outro lado em uma barreira de gelos baianos e depois em uma estreita calçada, arriscando-se entre ônibus desenfreados, como é costume no recife.
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se o pedestre vem pela calçada da direita da rua do riachuelo, ao chegar no cruzamento da rua do hospício não há faixa para atravessar. e vejam: os carros entram a todo instante na rua do hospício, ou vindo da riachuelo quando o semáforo abre lá, ou vindo da cruz cabugá. então, o pedestre tem que atravessar a rua do hospício na doida, na sorte, arriscando. é claro que é por isso que a rua se chama de hospício, pois o recife inteiro é um hospício mal-gerido, sub-gerido pelo joão da costa.
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portanto, no cruzamento da rua do riachuelo com a rua do hospício, a prefeitura do recife deixa o pedestre ao deus-dará. observem ainda que, depois de atravessar a hospício há uma faixa de pedestres – para a travessia da riachuelo em direção à faculdade de direito do recife. entretanto, essa faixa não está condicionada a nenhum semáforo, colocando o pedestre em risco, pois como se sabe, a falta de cultura dos motoristas recifenses diz que não se deve parar para o pedestre na faixa. além disso, os carros passam constantemente nesse trecho pois sempre há um dos dois semáforos abertos para eles, os senhores das ruas do recife.
prefeito anódino e ausente, pedestres ao deus-dará.
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