Shakespeare, Claude Mourthé

Shakespeare, Claude Mourthé, 2007, 240 páginas, tradução de Paulo Neves, L&PM. Início: 20/04/2021 – Fim: 25/04/2021. Nota 2 (Regular).



Como tudo que se refere ao Bardo de Avon está envolto em névoa, este é um livro repleto de “talvez”, “possivelmente”, e muitas ilações não fundamentadas. William Shakespeare nasceu em 23 de abril de 1564 e morreu, aos cinquenta e dois anos, em 23 de abril de 1616. 

O que se sabe sobre Shakespeare é pouco e embasado em alguns documentos. Tem-se o batismo; o casamento aos dezoito anos; o nascimento dos filhos, Suzanna e os gêmeos Judith e Hamnet; a morte de Hamnet aos onze anos; a morte dos pais do Bardo; o casamento das filhas; os sonetos e suas peças; sua participação no mundo do teatro; as casas que comprou; sua morte em Stratford-upon-Avon. 

Isso é praticamente tudo. Quase todo o resto é suposição. 

Decorre que este livro traz as informações básicas, um panorama de Londres na época elisabetana, e muita imaginação sobre a vida do Bardo. Também discorre sobre muitas das peças, inclusive com longas citações de trechos relevantes. O autor nos diz quanto custava a entrada do teatro, um penny, e o salário diário de um trabalhador, seis pence. As sessões transcorriam entre as três e as seis da tarde e o ambiente do teatro era aquela confusão que a gente assiste em alguns filmes de época. 

É um livro interessante, lê-se rapidamente, mas não há muita informação a ser dita sobre a vida de Shakespeare. Melhor assim. O essencial do Bardo é o que ele escreveu. 

Resumo. 

Uma graciosa cidadezinha: mostra a cidade de Stratford.

Controle de identidade: informações biográficas documentadas.

Os anos obscuros: não se sabe o que WS fez entre o casamento e as primeiras peças em Londres. O autor dá uma pincelada nas vidas de Henrique VIII (1491 – 1547) e sua filha Elizabeth (1533 – 1603).

My gentle Shakespeare: a peste fecha os teatros, William retorna a Stratford e publica poesias.

Uma rainha de teatro: o teatro elisabetano e as peças mais sombrias de Shakespeare.

Todos em cena: os teatros rudimentares, o povo e a classe média, os trajes e o raro cenário.

Um teatro nacional e popular: as companhias, os lucros, as inimizades entre autores, a pirataria dos textos.

Uma jornada na vida do Bardo: o autor imagina como seria um dia comum na vida de Shakespeare.

Shakespeare e as mulheres: somente perguntas e talvez isso, talvez aquilo.

Teatro do ambíguo: ambiguidades sexuais nas peças do Bardo.

Sonetos no ponto culminante: os 154 sonetos de Shakespeare, alguns deles eróticos.

Cor da pele: sobre Otelo e Shylock

Ser ou não ser Hamlet: sobre esta peça.

O teatro e o infinito: continua a discorrer sobre Hamlet.

Shakespeare e o sobrenatural: as feiticeiras em Macbeth, os fantasmas das peças.

Os mistérios de Londres: capítulo inútil sobre maçonaria e sociedades secretas; ilações. A tempestade.

Fugindo do barril de pólvora: o atentado fracassado de Guy Fawkes; Shakespeare retorna a Stratford.

Uma morte alegre: o autor se refere a Shakespeare como velho, mas o Bardo só tinha 52 anos; o autor imagina que a morte dele se deu após uma noite de farra com amigos.

Posteridade de Shakespeare: as montagens das peças, os filmes.