Édipo Rei, Sófocles

Édipo Rei, Sófocles, século V a.C., 125 páginas, tradução de Mário da Gama Kury, Zahar. Lido entre 01/04/2021 e 04/04/2021. Nota 3 (Bom).



A peça é famosa; quase todos conhecem o enredo do rapaz que mata o pai e casa com a mãe, sem saber que é filho de ambos. Oráculos profetizaram que o menino faria isso. Os mortais tentam evitar que a profecia se cumpra. Não conseguem. A peça mostra que os mortais não podem fugir ao destino que lhes foi traçado pelos deuses. 

A peça começa quando Tebas enfrenta uma época de peste e acontecimentos nefastos. Durante a peça, gradativamente, o leitor será informado pelos personagens acerca dos acontecimentos prévios. 

Laio e Jocasta, rei e rainha de Tebas, receberam a profecia de que o filho de ambos mataria o pai e casaria com a mãe. Para evitar isso, Laio manda jogar a criança de um precipício. O servo não executa a ordem e entrega a criança a um pastor de Corinto. Este entrega a criança ao rei e rainha de Corinto que a adotam como filho. O jovem Édipo vai ao oráculo e recebe a mesma profecia. Por isso, evita voltar a Corinto para não matar o “pai”. Em uma estrada, briga com um homem e o mata: era Laio, pai dele. Em seguida, Édipo decifra o enigma da esfinge, ser que atormentava a vida dos habitantes de Tebas. Ao chegar à cidade e contar da destruição da esfinge, entregam-lhe o trono da cidade e o casamento com a rainha Jocasta, que ele não sabia ser sua mãe. Édipo tem quatro filhos com Jocasta. A peça começa neste ponto. 

O rei Édipo vai às portas de Tebas ouvir os suplicantes que portam ramos. Sempre os ramos, ramos de Baco, de Judite, de Jesus, procissão de ramos. Tebas está totalmente transtornada. Há uma peste, os campos e as mulheres, estéreis. Creonte, cunhado de Édipo, consultou o oráculo de Delfos e está de volta. O oráculo disse que o assassino de Laio, antigo rei de Tebas, está na cidade. É necessária vingança. Édipo garante que vai encontrar o assassino. 

O profeta Tirésias não quer revelar quem é o assassino de Laio. Édipo insiste. Tirésias declara: tu és um maldito aqui, tu és o assassino que procuras, tuas relações torpes e sacrílegas são a causa da peste. Édipo acha que isso é uma armação de Tirésias com Creonte, irmão de Jocasta: Creonte tramou a minha queda. Jocasta intercede por Creonte. Jocasta afirma que os oráculos se enganam. Jocasta conta que Laio traspassou os tornozelos do filho e mandou jogá-lo do precipício por causa dos oráculos. Jocasta: Laio tinha traços teus. 

Édipo compreende quem é: lancei maldições contra mim mesmo. Édipo percebe que matou Laio, mas ainda não compreendeu tudo. Jocasta diz que não acredita mais em presságios. O coro reclama da descrença, como se os oráculos não valessem nada, pois perde-se a reverência aos deuses. Jocasta: os oráculos erraram porque o pai de Édipo, Pôlibo morreu de causas naturais. Édipo, em dúvida, concorda. E sobre a mãe de Édipo, ela diz: muitos mortais em sonhos já subiram ao leito materno. 

O mensageiro de Corinto diz que Édipo não é filho de Pôlibo e conta a história da criança. Jocasta: não penses nisto. Ela foge para o palácio, já compreendeu a terrível situação, Édipo ainda não. O coro ainda não viu a verdade e tem um momento de júbilo, o júbilo antes da catástrofe. O servo encarregado de matar a criança confessa que não o fez. 

Édipo compreende a extensão do drama. Jocasta se suicida, enforca-se. Édipo fura os olhos com os broches de ouro dela. Édipo não se matou, declara, porque não suportaria ver o pai e a mãe no outro mundo. Édipo pede a Creonte que zele por suas filhas. Pede para ser exilado, mas Creonte não permite, quer consultar os deuses sobre o que fazer. Édipo: os deuses me odeiam.