Segunda, 30. Depois do café da manhã, antes de sair, fui verificar os pneus das bicicletas e havia um deles furado, troquei a câmara. Saímos da bela pousada Eloi Merle, em Olonzac, e seguimos para o Canal du Midi.
No trajeto de hoje, há vários desvios do roteiro do canal pois está acontecendo o corte de alguns plátanos. O Canal du Midi tem 42 mil plátanos em suas margens, para diminuir a evaporação das águas e fortalecer as margens. Esses plátanos tem entre 80 e 200 anos de idade. Entretanto, cerca de 10 mil desses plátanos estão sendo atingidos por uma doença chamada "cancro colorido", causada por um cogumelo microscópico. Aparentemente, não há cura para a doença e as árvores atingidas terminam por morrer em um prazo de 5 a 20 anos. Há estudos que podem vir a encontrar uma vacina para as plantas mas, no momento, A VNF (Vias Navegáveis da França) - que controla o canal - está realizando o corte das árvores mortas. É triste e o quadro é desolador em algumas áreas, parece uma devastação. É claro que também já existe o projeto de replantio de outras árvores que possam atuar da mesma forma que os plátanos.
Pois bem, seguimos o canal fazendo os desvios indicados pela sinalização - quando há trechos em que as moto-serras estão trabalhando.
O piso do trajeto de hoje varia enormemente, desde trechos asfaltados, até single tracks cheios de raízes, e pistas de terra e pedrisco. Muita pedra, raiz, pedrisco. Eu e Bagaceira preferimos assim, é mais divertido do que o Canal de Garonne.
Logo, com mais de 22 km pedalados, chegamos a Le Somail, um porto fluvial do Midi muito bonito, ponte de pedra, igreja, livraria de livros antigos com mais de 50 mil volumes, barcos ancorados claro, alguns restaurantes e um barco que funciona como mercado flutuante.
Paramos nesse belo local para almoçar ao ar livre, em mesas colocadas à sombra de grandes árvores, na beira do canal. Um local único. Bom, também, a França é o país da beleza, em que tudo é cuidado com gosto, de forma especial, sempre com detalhes, cores, delicadeza. E no interior do país - essa França Profunda, penso que podemos chamar assim - onde estamos, é mais do que nas grandes cidades.
Hoje paramos com essa gula de pedir o menu du jour e nos limitamos ao plat du jour, o prato do dia. Os quatro pedimos o prato do dia, e muito vinho da região.
Depois de Le Somail, pedalamos mais cerca de belos 20 km, e lá pelos quarenta e tantos km pedalados chegamos à cidade de Capestang, que possui uma grande e antiga igreja - do século XIII - a Igreja de Saint-Étienne. Vimos a igreja de longe e entramos na cidade. A praça junto à igreja, com cafés, nos convidou a tomar cerveja. Dia quente e céu azul.
Voltamos ao canal e seguimos em direção a Béziers, nosso destino do dia. Como o objetivo é o caminho e não o destino, usamos muito do nosso tempo no caminho e chegamos tarde, já escurecendo, à Béziers. A cidade é muito grande e assusta quem está vindo de cidadezinhas mínimas. Mas graças à navegação de Jorge, encontramos o trajeto para o hotel. Apenas deixamos as bikes e as bagagens no hotel e fomos para a rua para jantar. Depois, banho e lavar roupas e dormir.
Pousada em casa de 300 anos em Olonzac.
Jardim da pousada, local do jantar e do café da manhã.
Para voltar ao canal, pegamos um desvio por perto dos parreirais. É muita uva.
O calor está pegando.
Em alguns trechos, piso de asfalto.
A cidade de Paraza. Há muitas cidades para se ver e entrar, mas não dá para entrar em todas...
Travessia de trecho de transbordamento do canal.
A primeira ponte-canal executada por Paul Riquet - o criador do Midi.
Só passando por Ventenac.
Chegando a Le Somail para almoçar.
Bela taça com o símbolo do país Occitaine, que está por toda parte aqui no sul da França.
Hmmm.
Na borda do canal, à sombra.
Vinhos e sol de Occitaine.
Sobremesa, certamente.
A alegria da sobremesa.
Mercadinho flutuante em Le Somail.
Le Somail.
De volta ao trabalho e mais lugares agradáveis.
Uma praga que tá dando nas uvas do sul da França.
Até que a trilha estava larga aqui nesse trecho.
Trecho mais acidentado.
Jorge verificando os marcos do canal.
Se a gente parar para tirar todas as fotografias que se quer...
Parada de reabastecimento junto à igreja de Capestang.
O Canal du Midi segue pelo túnel de Malpas, nós por cima.
Barco saindo do túnel de Malpas.
Trecho da rota do canal.
Enfim, chegando à Béziers.
E a estátua de Paul Riquet, construtor do Canal du Midi, no centro de Béziers.