A fazenda dos animais, George Orwell, 1944

A fazenda dos animais, George Orwell, 1944, 133 páginas, tradução de Paulo Henriques Britto, Penguin Companhia. Início: 08/02/2021 – Fim: 10/02/2021. Nota 3. 



Aviso de spoiler: vou escrever sobre todo o enredo do livro, continue por sua conta e risco. 

Releitura nesta nova tradução e com título modificado; era “A revolução dos bichos”. 

Em uma fazenda da Inglaterra, os animais se rebelam e expulsam os humanos. Institui-se um sistema de autogoverno, tudo é de todos e para todos. Todavia, os porcos, que são os animais mais inteligentes e espertos, logo começam a acumular privilégios. Com o uso da propaganda e do terror, imposto por cães ferozes a serviço dos porcos, a fazenda evolui, mas a vida dos animais continua na mesma ou piora. 

A novela é uma fábula, os animais falam, usam ferramentas, conseguem se comunicar com os humanos e até conviver com eles em igualdade, sem causar espanto. 

Sim, é evidente que Orwell quis retratar a ilusão do comunismo na União Soviética. Mas a novela transcende esse objetivo e expõe como funciona qualquer tipo de totalitarismo, bem como a ingenuidade da população frente à propaganda dos líderes e governos. 

O personagem mais instigante é o burro Benjamim, completamente cético. Ele é o animal mais velho, mais mal-humorado; sarcástico, jamais ria porque não via motivo para rir. Benjamim não mudou com a rebelião: não fugia do trabalho, mas nada de hora extra. Jamais manifestava opinião sobre a rebelião. Benjamim “sabia que as coisas nunca foram, nem jamais viriam a ser, muito melhores, nem muito piores – a fome, as privações e as decepções constituíam a imutável lei da vida.” 

Benjamim faz pensar em Medeia, que diz “Viver é ter desgostos e eles não nos faltam.” 

O prefácio cita um trecho de Orwell sobre o totalitarismo: 

“Do ponto de vista totalitário, a história é algo a ser criado, em vez de aprendido. Um Estado totalitário é, na realidade, uma teocracia, e sua casta dominante, para manter sua posição, deve ser considerada infalível. [...] O totalitarismo requer, de fato, a alteração constante do passado, e a longo prazo requer provavelmente a descrença na própria existência da verdade objetiva.” 


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Resumo. 

 

Capítulo 1.

 

O velho porco Major reúne os animais para fazer um discurso: os homens exploram os animais, os animais devem se unir e fazer, um dia, uma rebelião.

 

Capítulo 2.

 

O Major morreu. Os líderes são os porcos Bola de Neve, Napoleão e Guincho. Jones chega bêbado, os animais estão sem ração e acontece a rebelião; Jones é expulso.

 

Capítulo 3.

 

Os animais cuidam da colheita, da alfabetização, leis, comitês e privilégios para os porcos.

 

Capítulo 4.

 

Espalha-se a fama da fazenda. Jones e outros fazendeiros invadem a fazenda e são derrotados.

 

Capítulo 5.

 

Napoleão, auxiliado por cães treinados, dá um golpe e expulsa Bola de Neve. Não há mais debates. O burro Benjamim é um maravilhoso cético. Guincho cuida da propaganda e da alteração do passado.

 

Capítulo 6.

 

As leis mudam gradativamente. Comércio com humanos. O moinho cai com a tempestade, culpa do traidor Bola de Neve.

 

Capítulo 7.

 

Animais traidores são executados.

 

Capítulo 8.

 

Moinho fica pronto. Ataque de fazendeiros que explodem o moinho. Porcos consomem álcool.

 

Capítulo 9.

 

Vida boa para os porcos e cães, vida duríssima para os animais. Guerreiro não suporta mais e cai, doente. É vendido para o matadouro. Parte mais triste.

 

Capítulo 10.

 

Passam os anos, novos animais, poucos sobreviventes. Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que os outros. Porcos andam em pé e usam chicotes. Confraternização entre porcos e humanos.