recife 2009 junho 16.
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a vida cotidiana se repete, uma obviedade,
não há o que descrever,
o fazer diário, café da manhã, almoço, café da noite.
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personagens de livros geralmente não têm problemas
financeiros, quem quererá ler sobre problemas financeiros?
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o dentista de "o avesso da vida" de philip roth
não tem problemas financeiros. o problema dele é
não ter tido a coragem necessária e suficiente para
abandonar a esposinha e três filhos e mudar-se
para a suíça com seu grande amor, amante, maria.
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maria, uma mulher muito mais voluptuosa que carol,
a esposinha. ora, a amante, qualquer amante há que ser
voluptuosa, a libertinagem é própria dos amantes.
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o problema do dentista se repete, depois de se resignar
e permanecer com a esposinha, o problema se repete
com wendy, nova amante, amante muito mais nova
que ele, assistente em seu consultório,
uma mulher mais voluptuosa,
ainda mais voluptuosa, ainda mais "dada a libertinagens",
como diz o dicionário sobre a voluptuosidade,
wendy, com esse nome de peter pan,
ainda mais voluptuosa que maria
e muito mais do que carol.
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wendy tem uma fixação no prazer oral,
em dar e receber prazer oral.
esse personagem me faz recordar e ter saudade
e ter tesão de uma mulher, uma wendy que conheci,
fascinada pelo prazer oral.
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a boca, essa mucosa.
a insatisfação das mucosas.
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esse livro, "o avesso da vida", "the counterlife",
não o melhor de roth, com capítulos muito chatos
e muito malucos, mas que vale a pena demais ler,
ler apenas pelo primeiro capítulo onde a história
do dentista é esmiuçada.
o livro tem cinco capítulos, cada um é quase um conto
ou um pequeno livro,
o primeiro é excelente,
o resto irregular.