Oumuamua e o Encontro com Rama

Oumuamua. Encontro com Rama, de Arthur Clarke. Escrevi aqui que não gostei do livro de Clarke. Mas, apesar dos defeitos que apontei, penso na história vez em quando, especialmente no momento em que volta aos jornais o objeto Oumuamua.

Recentemente, um astrônomo famoso, que não sei quem, disse que Oumuamua foi o primeiro contato de humanos com uma inteligência extraterrestre. Por sua vez, Salvador Nogueira escreveu na Folha de São Paulo que não, que o primeiro contato com extraterrestres tem que ser tetê-a-tête, que não pode ser do jeito que foi, apenas uma espaçonave que passou distante e nem ligou para nós perdidos aqui na ilha. Foi mais ou menos isso que ele escreveu, é o que me recordo. Salvador também disse que o mais provável é que Oumuamua não era mesmo um objeto artificial. Que deve haver uma explicação natural para o fato de que Oumuamua acelerou quando estava saindo do Sistema Solar.

Eu, que sou ninguém, prefiro pensar em Oumuamua como uma nave espacial e, melhor, uma nave muito parecida, na forma, com a nave Rama, de Clarke. No livro, Clarke conta a história de um objeto que “vai passando” por nossa pequena vizinhança. Como a Terra dispõe de algumas naves trabalhando no Sistema Solar, uma delas tenta e consegue se aproximar do objeto apelidado de Rama. Os caras astronáuticos conseguem entrar na nave, que é enorme e configura quase um mundo artificial, com algo parecido com cidades e um mar. Os astronáuticos veem um monte de objetos e construções e “máquinas”, mas não entendem nada do que veem. Podem apenas supor, conjecturar. Só que está tudo parado e seres vivos, se os há, não são vistos, devem estar em hibernação. Ou seja, a nave Rama está se lixando para nós micróbios terráqueos. Ela passou aqui nas imediações apenas para se abastecer de energia solar e pegar aqueles impulsos gravitacionais que aceleram inclusive nossas pequenas naves. Se a gente existe ou não, se a gente quer contato ou não, se a gente podia aprender e trocar conhecimento com eles ou não, tudo isso não tem significado para os construtores daquela nave. Ela tem um objetivo que prescinde nossa diminuta Terra.

Oumuamua foi a mesma coisa, antevisão de Clarke: a nave passou por aqui, fria e distante, abasteceu de energia, usou a força do Sol em sua trajetória e priu. Aquilo que até assusta em Oumuamua é que ela só foi percebida por nossos equipamentos quando estava longe, de partida do Sistema Solar. Então, imagino que uma nave superpoderosa de uma civilização superior pode vir em nossa direção, mandar um pipoco, destruir a Terra ou apenas os habitantes, e a gente vai nem saber o que é que houve. E mais, não sou de teorias da conspiração e coisas menores, mas se Oumuamua quisesse, antes de ser percebida, ela bem poderia ter enviado uma microcápsula super-resistente contendo um vírus poderoso. A microcápsula ia se abrir e disparar as partículas virais sobre uma grande cidade escolhida aleatoriamente e a gente nem ia ligar uma coisa com a outra.