Capítulo 31 – Santos Óleos
A Rua Santos Óleos de Drummond permaneceu em meus pensamentos. Cuidava da filha, da comida, da roupa que ela usaria no dia seguinte, das tarefas da escola, falava com o marido pelo telefone, ele ia chegar mais tarde, provavelmente alguma safadeza, mas, no meio disso tudo, voltava a rua.
Lancei-me na tarefa mental de enumerar as ruas da cidade velha, aquelas que ficam em torno da Biblioteca de Ordep, aquelas que eu conseguia me recordar. Rua das Irmãs Negras, Rua dos Tecelões, Rua São Guilherme, Rua São Paulo, Rua Forno das Chamas, Rua do Pequeno São João, Rua dos Multiplicadores, Rua da Gratidão, Rua do Cavalo Branco.
Tanta poesia nos nomes antigos de ruas antigas, a gente sem saber porque foram assim apelidadas. Tanta poesia naquela biblioteca ordepiana, tanto sexo, também. Odeio, odeio, odeio porque ele tem essa vida sossegada. Noto, noto, percebo que ele não se importa muito comigo. Não me importo com ele, é a fuga que me move. Recolher a roupa do varal. Colocar roupa suja na máquina de lavar.